Título: CORTE DE TAXAS DE IMPORTAÇÃO SÓ EM DEZ ANOS
Autor: Vladimir Goitia
Fonte: O Globo, 09/09/2005, Economia, p. 23

Furlan afirma a empresários que Brasil não fará abertura sem concessões de outros países

SÃO PAULO. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, esforçou-se ontem para tranqüilizar o setor industrial ao afirmar que o Brasil não fará nenhuma abertura (comercial e econômica) sem que haja concessões consistentes por parte de outros países, em relação a produtos nos quais o Brasil e seus parceiros do Mercosul tenham grande interesse. As declarações de Furlan rebatem informações de que o governo federal estaria pensando em um corte abrupto nas tarifas de importação de produtos industrializados.

¿ Nosso ministério não fez divulgação de estudo algum. Estamos, sim, nos preparando para a Rodada de Doha e, certamente, esse tema ainda terá um cuidado muito grande. Qualquer desoneração (de alíquotas de importação) que seja feita será num período de dez anos ¿ explicou o ministro, que participou do fórum Oportunidades de Negócios e Investimentos na Nigéria, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Isso significa, de acordo com Furlan, um prazo para redução de alíquotas de importação de produtos industrializados até 2016 ou 2017. A proposta de redução da alíquota de 35%, teto máximo permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), para 10,5% teria partido do Ministério da Fazenda e estaria também sendo defendida pelo próprio Furlan.

¿ Que eu saiba, não existe nenhuma posição do ministro Antônio Palocci (sobre eventuais cortes abruptos nas tarifas) ¿ insistiu o ministro.

Furlan explicou ainda que, dentro do governo, há estudos que estão sendo analisados para se chegar a uma proposta brasileira, que seria levada aos parceiros do Mercosul:

¿ Por enquanto, há especulações em torno de alternativas, que são várias. Sou favorável à abertura econômicas e isso certamente será discutido durante a Rodada de Doha, onde o Mercosul colocará seus pleitos e, certamente, oferecerá algo em contrapartida.

Propostas do setor privado ainda estão em análise

O ministro lembrou ainda que a Coalizão Empresarial, fórum de debates que congrega representantes de todos os setores empresariais do país, também ofereceu alternativas (de abertura comercial e econômica) para o país. Elas estariam sendo estudadas e analisadas pelo governo.

Durante o fórum realizado na Fiesp, Furlan divulgou um memorando de entendimento assinado na quarta-feira entre Brasil e Nigéria. Os dois países se comprometem a negociar contratos comerciais diretos, que, na área de energia, serão assinados entre a Petrobras e a NNPC. Vale lembrar que, no ano passado, a balança comercial brasileira com a Nigéria teve déficit de quase US$3 bilhões, principalmente por causa da importação de petróleo daquele país.