Título: EM NOVA YORK, DE OLHO EM BRASÍLIA
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 10/09/2005, O País, p. 4

NOVA YORK. Foi com o celular colado ao ouvido para intermináveis e sucessivas conversas com o Brasil que a comitiva brasileira passou os últimos quatro dias em Nova York. A crise foi exportada para Manhattan com a viagem do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, o que acabou obrigando o deputado José Thomaz Nonô e os senadores José Jorge e Arthur Virgílio a não se desligarem de Brasília.

A situação mais curiosa era a de Nonô, que, como vice-presidente, substituirá Severino caso ele se afaste da presidência da Câmara. Com a sucessão sendo discutida abertamente, Nonô passou a ser rival e ao mesmo tempo confidente de Severino:

¿ Essa história de substituir Severino até agora só me deu constrangimentos. Gosto dele, mas politicamente não tenho identidade alguma.

Com seu jeito calmo, Nonô serviu de conselheiro para Severino e, por diversas vezes, botou-o no rumo quando parecia que ia ter um acesso de raiva diante das acusações. Na quinta-feira, quando Severino estava prestes a explodir, sugeriu que ligasse para algum deputado confiável e se informasse da situação. Francisco Dornelles foi o escolhido e Severino saiu do telefonema disposto a enfrentar os repórteres e responder às denúncias. Depois, foi de novo Nonô quem o aconselhou a voltar logo para Brasília e sentir a temperatura política da capital.

¿ Só em Brasília é que vai cair a ficha ¿ comentou o pefelista. (H.C.)