Título: Na ONU, Severino faz discurso de protesto contra o governo dos EUA
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 10/09/2005, O País, p. 4

`Nunca falei fino e os que falam fino são os que não gostam de mim¿

NOVA YORK. Severino Cavalcanti discursou ontem durante quatro minutos à frente do plenário da Assembléia-Geral da ONU. Falou em português para um plenário nada atento, mas acabou aplaudido. Se não chegou a ser uma consagração, caiu bem seu protesto contra os EUA por não permitirem a entrada no país das delegações de Cuba e do Irã que viriam para a conferência dos presidentes de parlamentos, na ONU.

¿ Em meu nome pessoal e em nome da Câmara dos Deputados brasileira gostaria de expressar o mais violento protesto e indignação pela decisão do governo dos Estados Unidos de recusar o visto de entrada no país para as delegações de Cuba e do Irã ¿ disse, logo depois de expressar solidariedade aos americanos pela tragédia causada pelo furacão Katrina.

Aos que vieram saudá-lo pela condenação à atitude americana e por falar grosso contra os EUA, respondeu:

¿ Nunca falei fino e os que falam fino são os que não gostam de mim.

Mas ao microfone foi mais contido. Cumprindo rigorosamente o tempo marcado, disse que o Brasil estava empenhado no cumprimento das metas do milênio e que esta tem sido uma das atividades centrais do Congresso. Também contou que o parlamento brasileiro discutia muito a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o Mercosul e só se atrapalhou uma vez, ao engasgar na hora de pronunciar a palavra interparlamentar.

No Conselho das Américas, onde discursara antes, teve participação menos feliz. Convidado para falar sobre economia para empresários, investidores e acadêmicos americanos, fez discurso considerado sonso por um dos participantes. Houve perguntas sobre como as acusações contra ele estavam afetando a política brasileira e Severino, de novo, foi obrigado a se defender.

¿ Não tem 516 loucos lá dentro, tem poucos loucos e os que têm bom senso vão fazer tudo pela governabilidade.