Título: GOVERNO AVALIA QUE CRISE ESTÁ `DO MEIO PARA O FIM¿
Autor: Gerson Camarotti e Adriano Ceolin
Fonte: O Globo, 10/09/2005, O País, p. 8

Severino tirou o foco do Planalto

BRASÍLIA. As denúncias contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), consumiram boa parte da reunião de coordenação de governo na manhã de ontem. A avaliação é que a crise muda de foco ¿ sai do governo e se instala no Congresso ¿ mas o cenário político ainda é delicado. O presidente Lula demonstrou preocupação com a situação de instabilidade na Câmara dos Deputados. Avaliou que a situação de Severino é extremamente grave, e disse temer por uma paralisia ainda maior na Casa.

Para Lula, o governo deve apenas acompanhar os acontecimentos. A recomendação é de que a sucessão deve ser negociada pela base aliada. Lula disse que é preciso esperar os desdobramentos para ter um quadro mais claro da crise provocada pelas denúncias contra Severino.

¿ Quando o Palácio coloca a mão, o resultado nunca é bom. Não vou escolher candidato. É uma questão do Congresso. Essa instabilidade política vai paralisar tudo na Câmara. Esse é o nosso maior problema ¿ disse o presidente.

À tarde, em reunião com a diretoria da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Lula disse que a Câmara deve uma resposta à sociedade brasileira e reconheceu que o processo de apuração das denúncias e punição dos responsáveis é lento.

Na avaliação da coordenação, as denúncias que poderiam atingir o Palácio do Planalto já vieram à tona e agora caberá ao governo tomar cuidado para não errar, evitando puxar a crise de volta. A análise é que a crise política está ¿do meio para o fim¿ e deverá se estender no máximo até novembro. Coube ao ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) relatar os acontecimentos no Congresso nos últimos dias.

O governo considerou positivas declarações da oposição de que não há veto a um eventual presidente da Câmara do PT. Participam da coordenação o vice José Alencar e os ministros Jaques Wagner, Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria Geral), Ciro Gomes (Integração Nacional), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça).