Título: VIGILANTE TERIA DESVIADO AS ARMAS
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 10/09/2005, O País, p. 13

SÃO PAULO e BRASÍLIA. A Polícia Federal investiga se as 83 armas doadas para a campanha do desarmamento que foram desviadas em São Paulo seriam comercializadas no mercado negro e compradas por criminosos. Um vigilante de uma empresa terceirizada que trabalharia para a PF foi preso temporariamente mas, como a polícia não achou provas que o incriminassem, foi solto.

Segundo o Ministério da Justiça, pelo menos 20 armas foram recuperadas. A polícia desconfia que o vigilante desviava armas de lotes e as vendia a criminosos.

Onze das 83 armas foram apreendidas por policiais militares em mãos de criminosos. O delegado José Roberto Sagrado da Hora, da PF, explicou que o inquérito aberto em 13 de junho na PF foi baseado na comunicação recebida da PM sobre a apreensão de apenas uma arma, um revólver calibre 38.

O revólver foi apreendido com um menor de 17 anos em 21 de março de 2005. A arma havia sido entregue na campanha do desarmamento em 7 de dezembro do ano passado. O vigilante preso pela PF tinha contato com o menor.

O Exército garantiu, em ofício, que nenhuma das 83 armas da relação foi destruída. ¿Adianto que da relação (das armas desviadas) anexa não consta nenhuma arma que tenha sido recolhida por uma organização militar ¿ autorizada a servir como posto de arrecadação ¿ bem como qualquer daquelas que tenham dado entrada na fase de destruição, última etapa do processo¿, informou, em ofício assinado pelo comandante militar do Sudeste, general Luiz Edmundo Maia de Carvalho.

Segundo o delegado da Hora, além do inquérito policial, que corre sob segredo de Justiça, a PF também instaurou procedimento administrativo para apurar a possível participação ou negligência de agentes e policiais no trâmite. O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, tratou o caso como fato isolado.