Título: NÚMERO DE MORTOS POR ARMAS DE FOGO CAIU 15,4%
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 10/09/2005, O País, p. 13

Relatório divulgado em Brasília pela Unesco reflete a criação da campanha e do Estatuto do Desarmamento

BRASÍLIA. Uma pesquisa divulgada ontem pela Unesco revela que o número de mortes causadas por armas de fogo registrado em 2004 foi 15,4% menor do que o esperado. Ao todo, foram poupadas 5.563 vidas. A queda foi atribuída à campanha do desarmamento, criada há mais de um ano, e ao estatuto que restringe o uso de armas de fogo pela população civil, aprovado pelo Congresso no fim de 2003. O cálculo foi feito a partir da comparação entre as mortes contabilizadas no ano passado e o número de óbitos esperado se a curva continuasse a subir, como ocorria há 13 anos.

¿ O desarmamento é o melhor caminho para reduzir a violência no país. A posse e a utilização de armas não protegem a população, pelo contrário ¿ concluiu o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto.

¿ A violência não é imune a políticas públicas ¿ constatou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

Semana passada, o Ministério da Saúde divulgou um estudo comparativo entre as vítimas fatais de armas de fogo em 2003 e em 2004. O resultado encontrado foi uma queda de 8,2% no índice de mortes, o que equivale a 3.234 vidas poupadas. No entanto, essa pesquisa comparou apenas o número absoluto de mortes por armas de fogo nos dois anos, sem levar em consideração a estimativa de vítimas a mais previstas para 2004 em relação ao ano anterior, pela tendência de crescimento das mortes por essa causa.

Queda do número de óbitos foi registrada em 21 estados

O estudo da Unesco mostrou que, em 2004, o número de mortes por armas de fogo foi de 36.119. Se o número desses óbitos continuasse a crescer no ritmo dos anos anteriores, teriam sido registradas no Brasil 41.682 óbitos ¿ uma redução de 15,4% no número de mortes.

A queda foi observada em 21 das 27 unidades da federação. O número de mortes aumentou em relação à previsão estimada nos estados de Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Espírito Santo e Paraná. O índice mais elevado ocorreu no Amazonas, com 23,8% mais mortes. Sergipe teve a queda mais expressiva, com índice negativo de 37,9%.

A região onde ocorreu maior queda do número de mortes por armas de fogo foi a Sudeste, com 20,1% de redução. No Rio de Janeiro, a queda apresentada foi menor do que o índice nacional: -14,1%.

Segundo o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, Jorge Werthein, em estados e municípios onde as autoridades locais se engajaram na campanha, os resultados observados foram melhores.

¿ Se há associação de outros esforços com a campanha, vemos que os resultados são muito melhores ¿ explicou.