Título: PETRÓLEO TEM MENOR COTAÇÃO EM 3 SEMANAS
Autor: Ramona Ordoñez, Erica Ribeiro e Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 10/09/2005, Economia, p. 23

Tempestade fica longe da costa da Flórida e faz preço do barril recuar 0,63% em NY

NOVA YORK, LONDRES e JACARTA. Os preços do petróleo recuaram ontem, para o menor patamar em três semanas, graças ao fato de a tempestade tropical Ofélia ter se mantido longe da costa da Flórida. Os mercados temiam uma repetição ¿ ainda que em escala menor ¿ dos estragos provocados pelo furacão Katrina, que devastou o Golfo do México semana passada, paralisando a produção e o refino. Também contribuíram para a queda a perspectiva de desaceleração no crescimento da demanda global por petróleo e o adiamento das paradas programadas das refinarias para manutenção.

Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o barril do tipo leve americano fechou em queda de 0,63%, a US$64,08. A cotação oscilou bastante durante o pregão, tendo atingido a mínima de US$63,55 e a máxima de US$65,35. Em Londres, o barril do tipo Brent recuou 0,38%, para US$62,84.

A maior refinaria dos Estados Unidos, a Valero Energy Corp., disse ontem que não fará nenhuma manutenção por enquanto, a fim de manter o volume de produção o mais alto possível, para suprir a demanda por combustível. O Departamento de Energia disse que várias empresas prometeram fazer o mesmo.

O problema, no momento, é a demora na recuperação da produção no Golfo do México. De acordo com o Serviço de Administração de Minerais dos EUA, 60% da produção na região ¿ o equivalente a 900 mil barris por dia ¿ continuam interrompidos.

A Shell disse ontem que 60% de sua produção normal, de 450 mil barris por dia, só devem ser regularizados no fim do ano.

O Departamento de Energia informou que cerca de 5% da capacidade de refino dos EUA ficarão interrompidos ainda por alguns meses. O furacão Katrina afetou 10% da capacidade de refino. Segundo um relatório do Barclays Capital, essa interrupção representa cerca de 600 mil barris de gasolina por dia.

Com isso, o Departamento de Energia disse que os custos de energia no fim do ano (inverno no Hemisfério Norte) serão os maiores dos últimos dez anos. Os operadores temem que isso provoque uma alta nas cotações semana que vem.

Mas há sinais de que a demanda global está desacelerando, em parte devido à recente disparada dos preços do petróleo, que este ano acumulam alta de 50%. A Agência Internacional de Energia (AIE) já reduziu sua previsão para o aumento da demanda mundial este ano de 1,6 milhão de barris por dia para 1,35 milhão de barris.

Europa consegue redução nos preços de combustíveis

Na Europa, os ministros de Finanças se reuniram para tentar encontrar uma saída para a alta dos combustíveis. Eles negociaram com as petrolíferas Total e BP uma redução nos preços ao consumidor. Também houve críticas aos americanos:

¿ Se os EUA tivessem a mesma eficiência energética que a Europa, pouparíamos oito milhões de barris por dia ¿ disse o ministro de Finanças austríaco, Karl-Heinz Grasser.

A alta do petróleo já provocou uma crise na Indonésia, onde o combustível é subsidiado. O governo indonésio informou ontem que vai dar cem mil rúpias (US$10) por mês para 15,5 milhões de famílias pobres, a fim de amortecer o choque do reajuste de combustíveis.

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