Título: BOLSA SOBE E SE APROXIMA DE MÁXIMA HISTÓRICA
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 10/09/2005, Economia, p. 31

Expectativa de queda dos juros básicos a partir deste mês faz Bovespa avançar 1,66%. Dólar e risco-Brasil caem

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se aproximou ontem do maior patamar já registrado desde a sua criação, há 115 anos. Alheia aos desdobramentos da crise política, a Bovespa subiu ontem 1,66%, para 29.307 pontos, impulsionada pela alta dos papéis do setor elétrico. A máxima histórica da Bolsa (29.455 pontos) foi atingida no dia 7 de março deste ano, antes, portanto, do escândalo do mensalão. As maiores altas foram das ações de Cemig, Copel e Light: 5,65%, 5,16% e 4,87%, respectivamente, recuperando parte das perdas dos últimos meses.

Ontem, a nova deflação apurada num índice de preços ¿ a primeira prévia do IGP-M de setembro mostrou uma queda de 0,56% ¿ impulsionou a valorização da Bolsa. O recuo da inflação fez os analistas acreditarem que o Banco Central (BC) já pode começar em setembro a trajetória de cortes na taxa básica de juros (Selic), hoje em 19,75% ao ano. Juros menores aumentam a perspectiva de lucro das empresas. Além disso, com a estimativa de ganhos menores nas aplicações em juros, os investidores voltam-se para a Bolsa.

¿ A queda da produção industrial e o recuo dos índices de inflação levam a crer que a economia já está pagando um preço alto demais pelos juros altos. Por isso, as taxas projetadas nos contratos futuros recuaram tão fortemente na última semana ¿ avalia Carlos Cintra, gestor de Renda Fixa do Prosper.

Juros futuros estão no menor nível em um mês

Nos contratos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2007, as taxas projetadas caíram, em uma semana, de 18,15% ao ano para 17,64% ao ano ¿ patamar de ontem, quando ficaram estáveis, mas ainda assim, nos menores níveis em um mês.

O dólar caiu ontem pelo terceiro dia consecutivo (0,43%), cotado a R$2,311 para venda. A moeda se aproxima da mínima do ano, de R$2,28, registrada no dia 10 de agosto.

Enquanto a Bolsa flerta com recordes, o Global 40, título mais negociado da dívida externa brasileira, bateu sua máxima histórica: 120,5% do valor de face, uma alta de 0,07%. Com a valorização dos papéis, o risco-Brasil recuou 0,26%, para 386 pontos centesimais.