Título: Gravação flagra disputa política entre PT e PTB
Autor: Antônio Werneck/Dimmi Amora
Fonte: O Globo, 11/09/2005, Rio, p. 18

Chefe de posto diz que ficou no cargo graças a Roberto Jefferson

As gravações demonstram que existia, no ano passado, uma disputa interna de poder entre patrulheiros simpáticos ao PT e ao PTB, para ocupar chefias da Polícia Rodoviária Federal. Os dois partidos, então aliados, estariam disputando cargos nos postos da Rodovia Presidente Dutra, no Rio.

Num diálogo gravado entre dois policiais rodoviários, em outubro passado, Luiz Carlos Roque, então chefe da delegacia de Itaguaí, pergunta a Fátima Pino de Souza, presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários no Rio, por que querem tirá-lo do posto. Ela responde que há um interesse do PT no cargo, porque o governo estaria sendo pressionado por empresas de ônibus para fazer uma maior fiscalização sobre vans na região.

Pressão para liberar caminhão apreendido

As pressões vinham de antes. Em maio do mesmo ano, Roque fala com um homem identificado como Preguinho. De acordo com a Polícia Federal, ele seria parente do ex-deputado federal André Luiz, cassado este ano por quebra de decoro parlamentar. Preguinho pede que Roque interceda junto a um policial para liberar um caminhão retido, que segundo ele estaria legal.

Roque diz para ele ligar para um conhecido na delegacia. Depois, agradece a ajuda do deputado para mantê-lo no posto. Segundo ele, André Luiz e outros políticos teriam intercedido a seu favor, mas foi Roberto Jefferson (PTB) quem teria decidido a questão. No mesmo mês, Roque fez uma ligação para o gabinete de Jefferson pedindo que ele referendasse o nome dele junto ao diretor da Polícia Rodoviária Federal em Brasília.

Em outro diálogo, entre o policial Paulo Roberto Pinheiro e o ex-deputado federal Fernando Gonçalves (PTB), Pinheiro conta que, num debate com políticos, disse que quem o colocou à frente da delegacia foi o presidente do PTB.

O MENSALÃO DOS POLICIAIS

Investigando empresários e policiais rodoviários federais (durante a operação Poeira no Asfalto) suspeitos de envolvimento com a máfia dos combustíveis adulterados, os policiais federais de Brasília acabaram identificando também um grupo de policiais civis, militares e federais acusado de cobrar até R$40 mil por mês de propina de empresários. O dinheiro - ao qual os policiais se referiam como "mensalão" antes de ter vindo à tona o escândalo político em Brasília - estaria sendo distribuído para evitar a fiscalização ou apreensão de caminhões. Os nomes dos policiais aparecem em relatório da Polícia Federal entregue ao Ministério Público federal e à Justiça federal.

A operação Poeira no Asfalto levou a uma devassa na Feema sobre a concessão de licenças ambientais para postos de gasolina, mas a investigação não avançou. Quase um ano depois, dos 1.170 processos da Feema sob suspeita que estão sendo revisados pelo próprio órgão, apenas 98 foram analisados não sendo encontrada qualquer irregularidade.

PATRULHEIROS FAZEM SEXO NO POSTO, na página 20