Título: GRIFES TERCEIRIZAM MÃO-DE-OBRA NAS CIDADES DO INTERIOR
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 11/09/2005, Economia, p. 34

Só em Divinópolis, em Minas Gerais, 25 mil pessoas trabalham no setor

BRASÍLIA. A expansão do mercado de grifes está levando as grandes lojas a não fabricarem mais as roupas que vendem. Cresce o movimento da terceirização no mundo da moda, principalmente nas cidades do interior. As vantagens para as empresas são a redução de custos com mão-de-obra e o aumento da margem de lucro. Marcas paulistas como Fórum, Ellus, Zoomp, Iódice e Siberian, além das mineiras Patachou e Vide Bula, transformaram os municípios do Oeste de Minas (Divinópolis, Formiga, Arcos e Campo Belo) em pólos de produção.

A fabricação e a lavagem de calças, além dos bordados, tricôs e crochês, movimentam a economia nesses municípios. São milhares de empregos para costureiras, bordadeiras, arrematadeiras e lavadeiras de jeans. Em Divinópolis, por exemplo, o setor de vestuário emprega 25 mil trabalhadores. Boa parte dos tricôs da Patachou e da Zoomp é fabricada na Malharia Eduardo, que tem 70 funcionários e fatura R$5 milhões por ano. Com o aumento da demanda, a malharia pretende terceirizar a costura das blusas.

- Só fica desempregado quem quer - afirma Fabiana de Oliveira, bordadeira da empresa e chefe de uma equipe de 20 senhoras que se dedicam a pregar lantejoulas, pedrarias e brilhos nas roupas, sem sair de casa.

Em Formiga, cidade próxima a Divinópolis, o setor emprega cinco mil trabalhadores em 300 empresas. A Confecções Haiyann, por exemplo, fabrica 30 mil peças por mês entre roupas de tecido fino para as marcas Fórum, Siberian e TNG, além de calças jeans, que são "lavadas" por outro prestador de serviço no Paraná.

O setor também movimenta a cidade de Arcos, que tem 40 mil habitantes. Além de prestar serviço para grandes marcas nacionais, a Arcos Confecções fabrica calças para a grife J-Lo, da atriz americana Jennifer Lopez. Com 260 funcionários, tem um faturamento anual de R$10 milhões. Outros pólos preferidos das marcas são as cidades mineiras de Pedro Leopoldo e São José Nepomuceno e municípios do Paraná e do interior paulista.

Analistas de varejo afirmam que os ganhos das grifes são elevadíssimos. Enquanto uma calça jeans sai por R$50 numa das confecções do interior de Minas, o preço com a marca supera os R$200 nas lojas franqueadas. Um tricô da Fiore, que custa R$70, não é vendido por menos de R$150.

- Os que terceirizam o serviço triplicam o valor - disse um empresário que não quis se identificar. (Geralda Doca)