Título: PF CONCLUI ATÉ QUINTA-FEIRA LAUDO SOBRE ASSINATURA DO PRESIDENTE DA CÂMARA
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 13/09/2005, O País, p. 4

Polícia não teve acesso a original do documento apresentado como prova

BRASÍLIA. O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal deverá concluir até quinta-feira o laudo sobre a cópia do documento que o presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE) teria oferecido ao empresário Sebastião Augusto Buani como garantia da renovação da concessão da rede restaurantes Fiorella no Congresso Nacional. Os peritos deverão dizer se a assinatura de Severino, que aparece no documento, é ou não verdadeira. Buani sustenta que pagou aproximadamente R$128 mil pela prorrogação do contrato de 2002 à 2005.

Até agora a PF não teve acesso ao documento original. A perícia está sendo feita sobre uma cópia entregue semana passada pelo ex-gerente do Fiorella Izeilton de Carvalho, o primeiro a denunciar o suposto mensalinho que Buani teria pago a Severino entre 2002 e 2003. A PF não sabe ainda se terá condições de chegar a um resultado conclusivo sobre o verdadeiro autor da assinatura. Segundo um policial, que teve acesso à perícia, a análise final dependerá da qualidade da cópia.

Polícia só reconhecerá laudo de perito oficial

No domingo, Severino Cavalcanti divulgou laudo assinado pelo perito Adamastor Nunes de Oliveira. O perito sustenta que o documento apresentado por Buani como uma das provas do mensalinho é falso. Mas Oliveira disse que sua conclusão não é definitiva. Ele argumenta que só poderia dar a palavra final sobre o assunto a partir de uma perícia sobre o documento original. As conclusões de Adamastor, principal peça de defesa de Severino até agora, não tem validade para a PF.

¿ A polícia só reconhece os laudos produzidos pelos peritos oficiais ¿ afirmou um assessor do diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda.

Logo depois da divulgação das primeiras denúncias do mensalinho, Severino admitiu que poderia ter assinado inadvertidamente o documento. Alguns dias depois, passou a negar que tenha assinado o papel. As dúvidas nas versões de Severino contrastam com a firmeza de Sebastião Buani. O empresário reafirmou ontem, numa rápida entrevista ao GLOBO, que Severino assinou o documento no dia quatro de abril de 2002 no gabinete de apoio da primeira-secretaria da Câmara. No período, Severino ocupava o cargo de primeiro-secretário, espécie de administrador-geral da Câmara.

¿ Ele assinou o documento na minha frente ¿ disse Buani