Título: Severino, que recorreu à baixaria contra Gabeira, agora ataca Buani
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 13/09/2005, O País, p. 4

Assessoria da Câmara divulga suposta ficha criminal do empresário

BRASÍLIA. Um dia depois de atacar o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), acusando-o de incitar jovens ao consumo de maconha, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disparou acusações contra seu principal algoz, o empresário Sebastião Buani. Por meio de sua assessoria, Severino divulgou ontem levantamento de ficha criminal feito pelo Departamento de Polícia Legislativa da Câmara. O levantamento, datado do dia 9, cita que Buani é alvo de dois procedimentos policiais: um inquérito na Delegacia da Criança e do Adolescente (aberto em 2000) e outro na Delegacia de Atendimento à Mulher, de 2004.

Ao apresentar ontem o documento, o assessor jurídico de Severino, Marcos Vasconcelos, disse que o objetivo era mostrar à imprensa que tipo de pessoa está acusando o presidente da Câmara de ter recebido propina para prorrogar o contrato para explorar um dos restaurantes da Casa. Ele enfatizou que, num dos procedimentos, Buani teria sido acusado de submeter criança ou adolescente a vexame ou constrangimento e que, no outro, sobre sua ex-mulher, teria sido enquadrado por ameaça e agressão.

¿ Uma pessoa que bate em criança, bate em mulher, é bem capaz de mentir para auferir vantagens. Um camarada com uma ficha policial desse tamanho é que está colocando em dúvida a palavra de um cidadão eleito e com 42 anos de vida pública ¿ disse Vasconcelos.

Buani: processos foram arquivados

Buani reagiu e afirmou ontem que se trata de uma estratégia de Severino para tentar desqualificar suas denúncias. Ele disse que os procedimentos foram abertos porque ele enfrentou um processo traumático de separação conjugal de sua segunda mulher, na qual ele pediu a guarda dos filhos. Segundo Buani, os processos já foram arquivados.

¿ Deixa eles apresentarem. É uma estratégia de defesa. Não vão ter nada para falar de mim, por isso ficam fazendo isso ¿ disse Buani.

Além da ficha policial, a assessoria jurídica de Severino divulgou ontem nota tentando desqualificar os extratos bancários apresentados por Buani. Segundo a nota, na data em que o empresário diz ter sacado os R$40 mil para pagar a decisão de Severino em favor da prorrogação do contrato até 24 de janeiro de 2005, o processo ainda estava no Departamento de Material e Patrimônio da Câmara.

A nota diz ainda que Buani enfatizou que a decisão de Severino havia sido anexada ao processo que se encontrava à mesa do primeiro-secretário, cargo ocupado por Severino. ¿A verdade, no entanto, é que nesta data o processo da Buani e Paulucci se encontrava no Departamento de Material e Patrimônio (Demap), onde chegou em 12 de março de 2002, permanecendo ali até 22 de maio de 2002.¿

O assessor jurídico também apresentou documentos que mostram que a autorização, a comunicação à empresa da prorrogação do contrato e da assinatura do termo de aditamento deste contrato foram assinados respectivamente nos dias 3 de janeiro 2003, 17 de janeiro e 23 de janeiro de 2003. Segundo Vasconcelos, essa é mais um prova de que não haveria razões para a alegada conversa de mais de cinco horas entre Severino e Buani no dia 31 de janeiro. Severino entrará na Justiça com queixa por crime de calúnia e difamação contra Buani.

COLABOROU Evandro Éboli