Título: Petistas recorrem à Corregedoria
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Fonte: O Globo, 13/09/2005, O País, p. 5

Deputados do PT incluídos no relatório das CPIs alegam cerceamento de defesa

BRASÍLIA. Os seis deputados do PT incluídos no relatório das CPIs do Mensalão e dos Correios para que respondam a processo por quebra de decoro parlamentar entraram ontem com recurso na Corregedoria-Geral da Câmara para tentar evitar que as representações sigam hoje mesmo para o Conselho de Ética. Eles alegam que não tiveram o direito de se defender. A Mesa da Câmara se reúne hoje para aprovar, ou não, o envio ao conselho do relatório parcial das CPIs recomendando processos contra 18 deputados envolvidos no suposto esquema do mensalão.

Os petistas vão apelar também à Mesa Diretora para que não envie o relatório ao Conselho de Ética, o que poderá retardar a decisão da Mesa. Da lista de 18 nomes apresentados pelas comissões, a Mesa vai decidir sobre o destino de 13 deputados acusados de quebra de decoro. Quatro já respondem a processo no conselho ¿ José Dirceu (PT-SP), Romeu Queiroz (PTB-MG), Sandro Mabel (PL-GO) e Roberto Jefferson (PTB-RJ) ¿ e o quinto, Carlos Rodrigues (PL-RJ), renunciou ontem.

Estratégia de defesa dos petistas idêntica à de Dirceu

A maioria dos 13 deputados negou ontem que irá renunciar ao mandato. O último prazo para renunciar sem perder os direitos políticos é até o momento em que o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), assinar o termo de instauração do processo, que deve ocorrer em até 24 horas após a Mesa Diretora enviar o relatório.

A estratégia dos seis deputados petistas ¿ Professor Luizinho (SP), João Paulo Cunha (SP), Josias Gomes (BA), João Magno (MG), Paulo Rocha (PA) e José Mentor (SP) ¿ é protelar ao máximo o envio do relatório ao conselho. Eles seguem a linha de defesa de Dirceu, que também argumentou, na semana passada, que não foi ouvido e entrou com recurso na CPI dos Correios. Assim como o ex-ministro, os petistas ameaçam recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) se não forem ouvidos pela Corregedoria ou pela Mesa Diretora.

¿ É uma aberração e uma violência o que estou sofrendo. Tenho vivido esse tribunal de exceção, mas vou superá-lo. Não há hipótese de renúncia ¿ disse Professor Luizinho, que sacou R$20 mil no Rural.

Paulo Rocha acusou Robson Tuma de buscar notoriedade com seu relatório. Uma assessora de Rocha sacou cerca de R$600 mil no Rural:

¿ O Robson Tuma fez um relatório para fazer palanque. O envio dos casos para o Conselho de Ética já é um processo de julgamento do qual não tivemos direito de nos defender. Mas não renuncio, vou até o fim.

José Janene (PP-PR) quer explicações sobre a exclusão do nome do senador tucano Eduardo Azeredo (MG):

¿ A CPI nos negou o direito de defesa e precisa explicar por que excluiu Eduardo Azeredo, contra quem há provas cabais. Não tenho dúvida de que o conselho irá nos oferecer a oportunidade de defesa.