Título: Grupo de Dirceu falta à `refundação¿ do PT
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 13/09/2005, O País, p. 12

Campo Majoritário não mandou representantes ao ato realizado ontem em São Paulo com fundadores do partido

SÃO PAULO. O Campo Majoritário, tendência que comanda o PT há dez anos, não mandou representantes para o ato de ¿refundação¿ do partido realizado ontem à noite no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, com a presença do presidente nacional, Tarso Genro, de fundadores históricos do partido, como Marilena Chauí e Paul Singer, além do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), de deputados, senadores e mais de 300 militantes. Muitos deles haviam participado do ato de lançamento do PT, em maio de 1979, e da primeira reunião da legenda, em 10 de fevereiro de 1980, como Paulo Skromov, sindicalista que foi o redator da carta de princípios do PT.

O boicote do Campo Majoritário ao ato foi criticado por petistas históricos, como Vladimir Palmeira.

¿ Somos contra o Campo Majoritário e se houver segundo turno na eleição para presidente do partido (no próximo domingo), vamos votar contra o Campo Majoritário. A partir do momento em que esse grupo aceita José Dirceu e outros em sua chapa, mostra que assume o processo de ilegalidades cometidas pela direção. Nossa tarefa é barrar o Campo Majoritário ¿ disse Palmeira.

Tarso disse que é preciso ¿construir uma nova maioria¿:

¿ Queremos fazer uma grande revolução nos métodos do partido, com a construção de uma nova maioria, que será exercida não apenas pelo número de crachás, mas pela capacidade de argumentação ¿ disse o presidente do PT.

Militantes recolheram dinheiro: ¿É o caixa um¿

Segundo ele, há setores do partido que não querem as mudanças formuladas pelo grupo que pretende reconstruir o PT.

Durante o evento, militantes passaram um um saco plástico para recolher contribuições financeiras para ¿reconstruir o partido¿. Segundo eles, esse é o novo método de financiamento que o PT precisa, sem doações de caixa dois e de grandes empresas.

¿ Estamos fazendo o caixa um ¿ disse um militante que recolhia as contribuições.

O secretário de formação política, Joaquim Soriano, criticou os que não desejam a ¿refundação¿ do partido:

¿ Tem gente que tem a idéia de que está tudo bem, obrigado, e que quando a crise do PT desaparecer da mídia, tudo estará resolvido, com mais do mesmo.

O economista Paul Singer disse que a crise do partido começou com a profissionalização dos dirigentes, à medida que petistas foram se elegendo para cargos importantes:

¿ Essa profissionalização criou um hiato forte entre a militância e a sua direção. (...) Não devemos desistir de disputar novas eleições, mas sim discutir alternativas. Quando nos profissionalizamos, ficamos muito parecidos com os partidos tradicionais ¿ disse.