Título: PALOCCI DEFENDE ABERTURA ECONÔMICA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 13/09/2005, Economia, p. 24

Ministro diz que país precisa ter mais ousadia para ganhar mercados

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, defendeu ontem maior ousadia do Brasil na abertura de sua economia para ter mais acesso a mercados internacionais.

¿ Os países que estão pedindo acesso a mercados no campo agrícola vão ter de fazer gestos no campo industrial. E se não fizermos (isso) dificilmente vamos verificar avanços no campo que nos interessa ¿ explicou o ministro, que participou do 2º Fórum de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Palocci disse que esses eventuais gestos não significam, de modo algum, abertura indiscriminada da economia. Segundo ele, o Brasil precisa jogar forte na Organização Mundial do Comércio (OMC) para extrair conquistas importantes para o país.

¿ Penso que se olharmos dessa forma poderemos obter resultados satisfatórios ¿ acrescentou.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, explicou que o governo dispõe de quatro estudos distintos sobre tarifas de importação que servirão de base para a proposta que o país apresentará à OMC. Além do estudo do Ministério da Fazenda antecipado pela imprensa, propondo redução das tarifas de importação para bens industriais de 35% para 10,5%, há ainda uma proposta do próprio Ministério do Desenvolvimento, outra do Itamaraty e uma última da Coalizão Empresarial Brasileira:

¿ Estamos analisando as quatro alternativas. Depois da decisão governo, uma delas será levada ao Mercosul e posteriormente poderá constituir-se numa plataforma máxima de negociação na OMC.

Ao garantir que ainda não há uma proposta fechada, ele não descartou a possibilidade de a solução final ser uma combinação das várias alternativas em estudo.

¿ Há muitas áreas da economia em que podemos conviver com alíquotas zero, como já acontece hoje ¿ disse. O ministro rechaçou a possibilidade de o Brasil adotar qualquer mudança brusca e unilateral nas barreiras tarifárias contra importações.

Representantes da indústria e dos sindicatos criticaram a proposta de um novo ¿choque de produtividade¿, com a redução de alíquotas de importação de produtos industrializados, como sugere um estudo do Ministério da Fazenda. O presidente do Instituto de Desenvolvimento Industrial (Iedi), Josué Christiano Gomes da Silva, disse que a indústria está aberta a uma eventual baixa das tarifas de importação, mas desde que o governo permita as mesmas condições de competitividade que existem em outros países, onde a carga tributária e os juros são baixos.

G-20 buscará apoio de outras nações em desenvolvimento

Reunidos no último fim de semana no Paquistão, os ministros do G-20 (grupo de países em desenvolvimento que defendem a liberalização do comércio agrícola) decidiram informar à OMC que não aceitarão imposições ¿de cima para baixo¿. O Grupo pretende buscar o apoio de outros países em desenvolvimento para tentar quebrar as barreiras que estão sendo impostas.