Título: ALTA DO PETRÓLEO VAI FREAR EXPANSÃO MUNDIAL E ELEVAR INFLAÇÃO, DIZ TRICHET
Autor: Deborah Berlinck
Fonte: O Globo, 13/09/2005, Economia, p. 24

Presidente do BC Europeu elogia `dinamismo¿ da economia brasileira

BASILÉIA (Suíça). O aumento recorde de 48% dos preços de petróleo este ano vai frear o crescimento da economia mundial e provocar aumento da inflação, disse ontem o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet. Esta é, afirmou ele, a expectativa dos bancos centrais do mundo.

¿ Não há absolutamente nenhuma dúvida. (O aumento do preço) desencadeia dinamismo de baixo crescimento e maior nível de inflação ¿ disse o, em geral, cauteloso Trichet, depois de presidir uma reunião do G-10, o grupo dos dez bancos centrais mais poderosos do mundo.

Já há indicações disso. As economias dos Estados Unidos, do Japão e dos 12 países da zona do euro cresceram menos no segundo trimestre. Nos EUA, o aumento do preço do petróleo foi agravado pelo fechamento de refinarias, por causa do furacão Katrina. Os efeitos do preço do petróleo sobre a inflação são a questão-chave para todos. E nesse campo, a Europa preocupa: a inflação na zona do euro ultrapassa o teto de 2% estabelecido pelo Banco Central Europeu. E os preços ao consumidor nos EUA subiram 3,2% em 12 meses.

Trichet defende autonomia para o BC brasileiro

Trichet garantiu que a crise política brasileira não foi tema, nem preocupação, na reunião dos bancos centrais, mas defendeu maior autonomia para o BC brasileiro como solução para evitar contágio de crises:

¿ Todos temos a opinião de que autonomia é uma das principais características de bancos centrais e nós confiamos de que isto está se cristalizando como um princípio global que foi documentado por análises e pesquisas econômicas.

Para Trichet, a economia brasileira está mostrando um ¿dinamismo bastante impressionante¿.

¿ O dinamismo doméstico, assim como as contas externas (do Brasil) são um testemunho de que a economia está se transformando num ritmo rápido.

O discurso agradou ao presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles, presente na mesma reunião.

¿ A economia hoje está muito menos vulnerável, ancorada em fundamentos sólidos. E isso está de acordo com a avaliação dos demais bancos centrais ¿ afirmou Meirelles.