Título: PLANO DA VARIG PREVÊ CRIAÇÃO DE OUTRA EMPRESA
Autor: Erica Ribeiro e Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 13/09/2005, Economia, p. 25

Justiça do Rio recebe a proposta de recuperação, que inclui demissão de 13% dos funcionários da companhia

A criação de uma nova companhia aérea, saudável, com o objetivo de atrair investidores, e a previsão de demissão de 13% dos 12 mil funcionários são alguns dos pontos do plano de recuperação judicial entregue ontem pela direção da Varig à Justiça do Rio. A proposta, de 62 páginas, será avaliada a partir do próximo dia 24, quando será realizada a assembléia para formação do Comitê de Credores.

A empresa ¿ inicialmente batizada de Nova Varig ¿ será controlada pelos novos investidores, por meio de leilão judicial, e receberá parte dos ativos e das linhas aéreas da atual Varig. Dividirá com ela, em consórcio, a gestão e as operações. O objetivo é fazer com que a empresa ajude a Varig a pagar a dívida de R$7,7 bilhões.

Com a Varig dividida em duas, o passivo fiscal de R$4,3 bilhões ficará com a antiga empresa. A meta é promover o encontro de contas com o governo em um prazo de dois anos. Passado esse período, as duas empresas poderiam novamente se tornar uma só, assinalou o presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha.

Outra proposta é dividir em 24 parcelas a dívida com pequenos credores, usando R$100 milhões do fluxo de caixa. Dessa forma, a Varig reduziria para cem o número de credores, que poderiam trocar suas dívidas por participação na nova empresa.

Se a nova empresa for aprovada, os executivos da Varig garantem que nada muda para os passageiros, que vão continuar usando os mesmos serviços da Varig. Não haverá mudança também no programa de milhagem Smiles.

¿ Hoje (ontem) estamos dando a partida no processo de negociação com as partes interessadas, os credores. O plano vai ser a base das discussões ¿ disse David Zylbersztajn, presidente do Conselho de Administração da Varig.

Justiça admite prorrogar o prazo para recuperação

A demissão foi pela primeira vez citada como fato concreto dentro do plano de reestruturação. De acordo com a direção da empresa, até o fim de 2006, 13% dos empregados (cerca de 1.560) poderão ser cortados até o fim de 2006.

¿ Há um excesso de pessoal, mas, além do corte, haverá remanejamento de funcionários para áreas onde será necessário ampliar a força de trabalho ¿ disse Carneiro da Cunha.

Hoje, a direção da Varig se reúne com o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, para discutir, mais uma vez, o encontro de contas com o governo.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Sergio Cavalieri, recebeu o plano da Varig e admitiu que, se for necessário, pode prorrogar o processo de recuperação judicial. Pela nova Lei de Falências, as empresas em recuperação estão protegidas por 180 dias de pedidos de execução judicial.

A Varig aderiu ao plano no dia 22 de junho, quando o processo foi deferido pelo juiz Alexander Macedo, da 8ª Vara Empresarial. O prazo oficial termina em dezembro.

¿- A lei diz que o prazo é improrrogável, mas não há limites intransponíveis. O Tribunal está estruturado para cumprir prazos, mas se precisar vamos tomar outras providências ¿ disse Cavalieri.

Varig ganha mais prazo para pagar `leasing¿ de aeronaves

Outra boa notícia veio da Justiça americana. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova Iorque, concordou em ampliar o prazo para pagamento de contratos de leasing de aviões com a empresa IFLC, de 20 de setembro para 11 de novembro. A Varig vinha sofrendo ameaças de retomada das aeronaves pelo atraso no pagamento.

¿- O prazo estava muito apertado, e o adiamento dá mais tempo para que os credores avaliem o que é melhor para a companhia ¿ disse a juíza Marcia Cunha, que também cuida do caso e semana passada esteve em Nova Iorque com o juiz americano.

A assembléia para formação do Comitê de Credores, dia 24, será na Marina da Glória. Serão três membros-titulares e três suplentes, que terão a missão será aprovar ou não o plano de recuperação em até 30 dias.

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