Título: KOIZUMI VAI REFORMAR A PREVIDÊNCIA
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 13/09/2005, O Mundo, p. 30

Premier japonês quer acelerar mudanças prometidas durante campanha

PEQUIM. Em seu primeiro pronunciamento após a confirmação, ontem, da vitória espetacular do Partido Liberal-Democrático (PLD) na disputa pelos 480 assentos da Câmara dos Deputados japonesa, o primeiro-ministro Junichiro Koizumi afirmou que a privatização do Correio do Japão será realizada o mais rapidamente possível e, para calar os críticos que o acusam de usar a venda da gigante estatal de US$2 trilhões de ativos como sua única plataforma, anunciou esforços para reformar o sistema previdenciário do país.

A vitória do PLD e seu discurso reformista, aliada à notícia de que a economia do Japão cresceu 3,3% no segundo trimestre do ano (um percentual três vezes maior do que o esperado 1,1%), animou a bolsa de valores japonesa ontem. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio subiu acima de 12,850 pontos pela primeira vez desde 2001 e foi um entusiasmado Koizumi que convocou uma coletiva de imprensa para falar de sua vitória:

¿ No início, sentimos uma certa dificuldade, mas acabamos tendo mais apoio da população japonesa do que esperávamos. Pretendo adotar políticas de interesse do povo além da privatização dos correios, como mudanças na Previdência ¿ afirmou o primeiro-ministro, sem dar, no entanto, mais detalhes sobre a reforma que tem em mente.

Premier diz que está na hora de preparar sucessor

O premier negou especulações que dão como certa sua permanência no comando do governo japonês quando terminar seu mandato à frente do PLD, em setembro de 2006, após a retumbante vitória.

¿ Eu já disse que não pretendo continuar como primeiro-ministro e já está na hora de preparar o meu sucessor ¿ afirmou, estimulando a bolsa de apostas por sua sucessão, que tem como favorito Shinzo Abe, do PLD.

Confirmando as previsões das redes de TV com base em pesquisas realizadas na boca de urna, Koizumi e o PLDconseguiram 296 lugares no Parlamento, a primeira vez em que o partido conquista a maioria isolada em 15 anos. Juntamente com as 31 cadeiras conquistadas pelo partido budista aliado Novo Komeito, a coalizão de Koizumi abocanhou 327 dos 480 lugares no Parlamento, o que lhe garante vitória folgada nas votações de projetos de reformas até então considerados polêmicos. Bastavam 241 lugares para que o PLD tivesse maioria.

Katsuya Okada, líder derrotado do principal partido de oposição a Koizumi, o Partido Democrático do Japão, já anunciou sua saída do cargo.