Título: Popularidade de Lula cai quase dez pontos
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 14/09/2005, O País, p. 11
Sensus: aprovação do governo também sofre queda, mas menor do que a registrada na confiança do presidente
BRASÍLIA. A crise piorou todos os índices de popularidade e aprovação do presidente Lula e seu governo. Pesquisa do Sensus divulgada ontem pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que Lula atingiu o mais baixo índice de aprovação desde a posse, em janeiro de 2003: a avaliação positiva do presidente caiu 9,9 pontos entre julho e setembro, passando de 59,9% para 50%. A desaprovação subiu de 30,2% para 39,4%.
A queda na avaliação do desempenho de Lula foi superior à registrada na avaliação do governo, num movimento inverso ao verificado até o início do ano. A avaliação positiva do governo caiu de 40,3%, em julho, para 35,8% em setembro. Já a avaliação negativa pulou de 20% para 24% e a regular manteve-se estável, oscilando de 37,1% para 38,2%.
- O presidente Lula chegou ao limite técnico. Abaixo dessa aprovação, de acordo com a metodologia americana, Lula passa a não ter chances de reeleição. O presidente Bush entrou na campanha de sua reeleição nesse limite, com 50% de aprovação - disse o cientista político Ricardo Guedes, do Sensus.
A confiança dos entrevistados quanto à condução da política econômica também caiu. Em julho, a política econômica estava no rumo certo para 40,2%, mas em setembro apenas 34,9% acham isso. Para 52,1%, a política econômica não está no rumo certo. A pesquisa ouviu duas mil pessoas de 6 a 8 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Para 54,5% dos entrevistados, a corrupção aumentou no governo Lula - em julho eram 40,3%. A corrupção é igual neste e em outros governos para 32,5%, e diminuiu para apenas 8,6%. Pela primeira vez a pesquisa CNT/Sensus mostra que, para grande parte dos entrevistados, há mais corrupção no governo Lula do que no governo Fernando Henrique. Para 48,9%, a corrupção é maior no atual governo, contra 26,7% em julho.
Rejeição a Lula sobe 8,5 pontos desde julho
CNT/Sensus aponta Serra como oponente mais forte para 2006
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda venceria a eleição, em segundo turno, se a disputa fosse hoje, mas a rejeição ao seu nome teve aumento de 8,5 pontos percentuais de julho a setembro, segundo pesquisa CNT/Sensus. Os entrevistados que não votariam em Lula eram 30,8% e agora somam 39,3%. Seu mais forte adversário, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), teve a rejeição reduzida de 42,5% para 38,7%. A situação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, cuja rejeição oscilou de 39,3% para 40,7%, manteve-se estável.
Para o cientista político Ricardo Guedes, do Instituto Sensus, a alta rejeição dos três principais pré-candidatos revela que a eleição de 2006 está em aberto.
- Uma rejeição acima de 40% deixa o candidato fora do jogo político. Os três candidatos estão no que chamamos de limite plebiscitário - disse Guedes.
Para 42,1% dos ouvidos, Lula não deveria ser candidato à reeleição nem indicar um nome do PT para as eleições. Mas 40,3% acham que Lula deve ser candidato e outros 10,6% avaliam que ele deveria lançar outro candidato do PT.
A pesquisa fez seis simulações da eleição de 2006 e, pela primeira vez, Lula teria que disputar o segundo turno em todos os cenários. Num segundo turno, Lula venceria em todos, embora seu percentual de intenções de voto tenha diminuído . Num cenário, Lula está tecnicamente empatado com José Serra. Se as eleições fossem hoje, Lula teria 37,9% e Serra, 37,5%.
Assessores culpam denúncias e imprensa
Na lista um, para o primeiro turno, Lula teria 32,7% das intenções de voto contra 13,2% do ex-governador Anthony Garotinho; 13,1% do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; 6,9% do prefeito do Rio, Cesar Maia; e 6,3% da senadora Heloisa Helena. Na lista dois, Lula teria 33,4%; Garotinho, 14,7%; o governador mineiro, Aécio Neves, 9,1%; Heloisa Helena 7,8%; e Cesar Maia, 6,8%. Na lista três, Lula teria 31,4%; José Serra, 23,8%; Garotinho, 10,9%; Heloisa, 6,3%; e Cesar, 4,8%.
Na lista quatro, Lula teria 33,3%; Garotinho, 13%; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 11,4%; Heloisa Helena, 8,6%; e Cesar Maia, 6,2%. Na lista cinco, Lula teria 33,9%; Alckmin, 12,2%; o ex-presidente Itamar Franco, 8,2%; Cesar Maia, 7,8%; Heloisa Helena, 6,7%; Na lista seis, Lula teria 29,2%; Alckmin, 14,6%; o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, 10,7%; o presidente do PPS, Roberto Freire, 7,7%; e Itamar Franco, 4,6%.
Embora Lula, na Guatemala, tenha dito que não se preocupa com o resultado da pesquisa, no Planalto seus auxiliares analisaram com preocupação os índices. Avaliaram que os números são resultado das denúncias envolvendo integrantes do governo, do PT e da Câmara e das denúncias que vem sofrendo o governo.