Título: ATUAÇÃO MAIS DISCRETA E DESAFIO NA ONU
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 14/09/2005, O País, p. 13

Lula deve mostrar que país está tranqüilo

NOVA YORK. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa hoje uma intensa agenda de dois dias na Reunião de Alto Nível da Assembléia Geral das Nações Unidas, na sua primeira grande exposição internacional desde que se agravou a crise política no Brasil. O principal desafio de Lula será mostrar um clima de normalidade no país a uma platéia de cerca de 170 chefes de Estado.

Ele terá uma atuação mais discreta do que nas duas primeiras vezes em que discursou nas aberturas das assembléias da ONU. No ano passado, Lula ganhou destaque ao lançar a Ação de Combate à Fome e a Pobreza que, além do Brasil, tem a participação de França, Chile, Espanha e, mais recentemente, de Alemanha e Argélia.

- O fato de o país passar por um momento político difícil não atrapalha ou afeta a participação do presidente Lula na ONU. São problemas internos. O Brasil já é visto como um país estável e democrático - disse o embaixador Antônio Patriota, subsecretário-geral de Assuntos Políticos do Itamaraty.

Segundo ele, não há por que considerar estranho o fato de Lula não fazer o discurso de abertura da 60ª Assembléia Geral da ONU, um direito do Brasil por tradição. Este ano, o discurso será feito pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Patriota ressaltou que Lula participará do segmento de Alto Nível da ONU, mais adequado a chefes de Estado. O presidente deverá fazer três discursos. Todos com no máximo cinco minutos.

Ontem, já havia um forte esquema de segurança em Nova York para a reunião da ONU, inclusive no Hotel Waldorf-Astoria, onde Lula está hospedado. Várias ruas estão interditadas. Hoje, Lula participa da abertura da reunião de Alto Nível da Assembléia Geral da ONU de 2005, na qual devem discursar os presidentes dos EUA, George W. Bush, e do México, Vicente Fox, e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Às 10h, Lula participará da reunião que vai discutir mecanismos de financiamento para o desenvolvimento, devendo ser o 16º a falar. Em seguida, participa da cúpula do Conselho de Segurança da ONU, onde também discursará. Depois participa de almoço na ONU oferecido por Kofi Annan.

A reunião dos países que formam a Ação Contra a Fome e a Pobreza será às 14h45m. Também participam da reunião o primeiro-ministro da França, Dominique de Vileppin, o presidente do Chile, Ricardo Lagos, o presidente do governo espanhol, José Luis Zapatero, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joshka Fischer. Lula ainda não decidiu se participará de entrevista coletiva.

À tarde, Lula terá reuniões paralelas com representantes da Índia e da África do Sul. No fim da tarde, reúne-se com Kofi Annan e, às 20h30m, janta na residência de Ronaldo Sardenberg, embaixador do Brasil na ONU.

CÚPULA DISCUTE REFORMA DA ONU nas páginas 30 e 31