Título: GOVERNO AGORA DEFENDE SAÍDA DE SEVERINO
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 15/09/2005, O País, p. 11

Para Jaques Wagner, cheque deixa situação complicada

BRASÍLIA. Depois de articular para que o PT não assinasse a representação da oposição contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), o Palácio do Planalto mudou o discurso ontem, depois do aparecimento do cheque do empresário Sebastião Buani, e passou a defender a saída de Severino do comando da Câmara. O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, ligou para Severino.

Na conversa por telefone, no início da tarde, Jaques Wagner reafirmou a Severino que o governo era contra prejulgamentos, mas ponderou que a situação havia se complicado muito depois do aparecimento do cheque e que os líderes da base governista deveriam pedir seu afastamento do comando da Câmara. Severino repetiu a argumentação de que o dinheiro seria sido doado para a campanha do filho, que já morreu, mas admitiu que teria que pensar nas próximas horas no que fazer.

- O aparecimento do cheque realmente deixou a situação muito mais complicada - disse Jaques Wagner.

No Planalto, o sentimento é de que a situação de Severino é insustentável e que ele deverá renunciar não apenas ao comando da Câmara.

O presidente em exercício, José Alencar, recebeu com surpresa a informação de que Buani apresentou o cheque. Alencar foi informado do aparecimento do cheque pelo deputado João Caldas (PL-MG), que esteve com ele pela manhã, no Planalto.

- Que coisa! Mas ele (Severino) não falou que não tinha nada? Severino disse que não tinha nada contra ele! - reagiu Alencar.

O Planalto já está preocupado também com a provável sucessão de Severino. O próprio presidente Lula já manifestou que espera que, dessa vez, o PT consiga uma unidade interna para articular um nome de consenso. (Cristiane Jungblut