Título: Na expectativa do Copom, dólar fecha em ligeira alta e Bovespa sobe 0,61%
Autor: Paula Dias
Fonte: O Globo, 15/09/2005, Economia, p. 28

Risco-Brasil encerra o dia em 382 pontos, o mais baixo desde 10 de agosto

SÃO PAULO. A tensão com a crise política e a expectativa em relação ao resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) não impediram que o dia terminasse com resultados positivos no mercado financeiro. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta 0,61%, com o Índice Bovespa em 29.049 pontos. Já o dólar subiu na maior parte do dia, mas fechou quase estável, em ligeira alta de 0,04%, cotado a R$2,329 para venda.

O risco-Brasil - que é medido pelo banco americano J.P.Morgan e mostra a diferença entre os juros pagos pelos títulos do Brasil e os dos Estados Unidos no mercado internacional - terminou o dia em 382 pontos centesimais, em queda de 2,3%. Foi o mais baixo resultado desde o último 10 de agosto. O Global 40, principal papel da dívida externa brasileira, subiu 0,71%, cotado a 120,20% do seu valor de face.

Investidor estrangeiro compra ações em dias tensos

Este mês, o movimento de saída de investidores externos da Bovespa se manteve. Até o último dia 9, segundo dados da bolsa, o saldo estrangeiro ficou negativo em R$47,505 milhões. Nesse período, o Índice Bovespa acumulava alta de 4,5%. Em agosto também houve saída de recursos: o saldo do mês passado ficou negativo em R$120,762 milhões. No acumulado do ano, o saldo ainda está positivo em R$2,839 bilhões.

Ontem, no entanto, segundo Luiz Roberto Monteiro, consultor de investimentos da corretora Souza Barros, houve fortes indícios de uma maior presença de investidores estrangeiros comprando ações.

- Os estrangeiros têm entrado no mercado nos dias mais tensos, para valorizar suas posições. Depois, vendem aos poucos, embolsando lucros - afirmou o consultor.

Com a agenda cheia no cenário doméstico, o mercado de câmbio foi poupado de oscilações mais bruscas.

- A expectativa de ingresso de recursos externos reduziu a pressão de compra. Notícias de novas captações privadas e rumores sobre uma emissão soberana do país ajudaram o dólar a fechar estável - disse o gerente de mesa de câmbio de um grande banco.

Volume de debêntures chega a R$26 bilhões, diz CVM

As projeções de juros sofreram apenas ajustes para aguardar a definição sobre os juros básicos da economia. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as apostas apontavam para uma queda de 0,25 ponto percentual na Selic. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em outubro fechou com taxa de 19,50% ao ano, contra 19,51% do dia anterior. O DI com vencimento em janeiro de 2007 subiu de 17,53% para 17,64% anuais.

O balanço das atividades de agosto da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), divulgado ontem, mostrou que, nos últimos oito meses, o volume de debêntures emitidas por empresas (R$26 bilhões) foi quase três vezes maior do que o total registrado no ano passado (R$9,6 bilhões). O registro de ofertas de ações também cresceu: em agosto, foram 19, num total de R$1,16 bilhão. Com isso, no ano, já foram registradas 168 ofertas - um recorde histórico para a CVM - num volume superior a R$40 bilhões.

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