Título: MERCADO DE CARBONO COMEÇA HOJE
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 15/09/2005, Economia, p. 28

Bolsa do Rio negociará bônus para financiar redução de emissões poluentes

BRASÍLIA. A partir de hoje, o Brasil terá o primeiro pregão de créditos de carbono da América Latina. Será lançado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro o Banco de Projetos de Redução de Emissões do mercado brasileiro de carbono. Este é o primeiro passo para a instalação do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) e representa uma oportunidade de o país capitalizar a área de negócios ambientais, em que o Brasil é pioneiro. A exploração de biocombustíveis, como o etanol, e fontes de energia renováveis, projetos de reflorestamento e a redução bem-sucedida de resíduos em aterros sanitários são exemplos conhecidos no mundo todo.

- Queremos transformar este movimento de estímulo à conservação do ambiente em uma atividade rentável - disse o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

No MBRE, quem se esforça para não poluir terá a chance de capitalizar esta iniciativa, vendendo o crédito associado às suas reduções para outros países que precisem atender a uma meta de diminuição de emissão de gases de efeito estufa, conforme determinou o Protocolo de Kioto. O Brasil se enquadra na categoria de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), pelo qual a empresa situada em um país emergente pode negociar seus créditos de carbono com países industrializados, que têm metas de redução e precisam dos créditos para cumprir suas cotas.

Além de reduzir as emissões globais dos gases que causam o efeito estufa, ganha-se mais uma alternativa rentável para atingir o desenvolvimento sustentável. Criado em parceria entre o Ministério do Desenvolvimento e a Bolsa de Mercadorias & Futuros, o banco acolherá o registro dos projetos de MDL. Nesse sistema, os investidores poderão divulgar suas intenções em adquirir créditos de carbono.

Segundo especialistas, o mercado mundial de créditos de carbono poderá chegar a US$13 bilhões em 2007. Dados do Banco Mundial mostram que o Brasil respondeu por 12% dos projetos de MDL em 2003-2004. Já o Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência prevê que a demanda por esses créditos, em 2012, seja de US$30 bilhões anuais, com participação brasileira de, no mínimo, 10%.