Título: GRUPO DE RICOS PODE VIRAR G-11 COM BRASIL E CHINA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 15/09/2005, Economia, p. 29

Proposta de 350 bancos privados, que inclui no bloco também Índia e Rússia, é apresentada a países desenvolvidos

Os presidentes dos 350 bancos privados mais importantes do mundo sugeriram ontem, aos ministros de Economia e presidentes dos bancos centrais dos países mais ricos, que abram as portas do seu seleto clube - o Grupo dos Sete (G-7) - para acolher, como membros permanentes, quatro potências emergentes: Brasil, China, Índia e Rússia. Numa carta encaminhada por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI), os banqueiros propuseram que o G-7 seja substituído por uma nova entidade: o G-11.

- Precisamos ter um novo foro que reflita, ao mesmo tempo, as realidades do mundo globalizado de hoje, e a crescente importância dos mercados emergentes - disse Charles Dallara, diretor-gerente do Institute of International Finance (IIF), associação que representa aqueles bancos, ao divulgar o documento de cinco páginas.

"Esse novo foro, que refletiria uma era de globalização e a crescente importância dos mercados emergentes, pode e deve fornecer tanto o contexto quanto o ímpeto para se forjar políticas de maneira coordenada a fim de assegurar um crescimento econômico global com estabilidade de preços", dizia um trecho do documento, assinado por Dallara.

Ele foi entregue ao presidente do Comitê Financeiro e Monetário Internacional do FMI, Gordon Brown, ministro de Finanças da Grã-Bretanha, para ser discutido na reunião anual conjunta do Fundo e do Banco Mundial, que começará terça-feira, em Washington. Após alertar que o furacão Katrina ajudou a ressaltar "as incertezas mais amplas e a vulnerabilidade da economia mundial a choques, sejam desastres naturais, eventos políticos ou terrorismo", a carta diz que os desafios atuais exigem que seja considerado "um novo e coordenado enfoque à estruturação de políticas que possam facilitar um ajuste gradual e evitar deslocações abruptas na atividade econômica e valores de ativos".

Ação coordenada para deter os desequilíbrios globais

Segundo os banqueiros, a expansão do G-7 para o G-11 deveria contar, ainda, com o próprio FMI no papel de fiscal do novo grupo. A sua criação "criaria oportunidade para a implantação das necessárias reformas econômicas, algumas das quais já foram propostas mas ainda não chegaram a ser totalmente implementadas devido à ausência de uma compreensão de que todas as partes envolvidas dêem difíceis passos políticos".

- Um enfoque efetivo exige que estejam ao redor da mesa as autoridades certas. Algumas das políticas atualmente muito importantes se tornam politicamente difíceis se forem tomadas independentemente de ações de outros países em apoio a metas comuns. São necessárias ações conjuntas, e o estabelecimento de um G-11 com um papel ativo para o FMI daria um impulso viável - disse Dallara, em Washington.

Na carta ele acrescentou que é essencial um enfoque internacional coordenado para facilitar um ajuste "suave e ordeiro dos desequilíbrios globais". Os banqueiros realçaram que, além de a criação do G-11 propiciar um enfoque coordenado às reformas macroeconômicas e estruturais, "o momento é propício para ações concertadas que enfrentem os problemas de energia, assegurem um comércio livre e fortaleçam o sistema financeiro internacional".

'Precisamos ter um novo foro que reflita o mundo globalizado e a crescente importância dos mercados emergentes'

CHARLES DALLARA

Legenda da foto: DALLARA, DA associação de 350 bancos: crescimento global sem inflação