Título: RIO REAGE À VARIG MONTAR CENTRAL DE VÔOS EM SP
Autor: Érica Ribeiro
Fonte: O Globo, 15/09/2005, Economia, p. 33

Criação de uma unidade de distribuição de rotas em Guarulhos faz parte do plano de recuperação da empresa

A proposta da Varig de criar um hub (espécie de centro de distribuição de vôos) a partir do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, desagradou o setor de turismo do Estado do Rio. Segundo fontes do setor, representantes do segmento planejam ir à Justiça para tentar impedir a criação do hub fora do Rio. O projeto faz parte do plano de reestruturação da empresa, entregue na segunda-feira ao Tribunal de Justiça do Rio.

Ontem, o presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn , recebeu do secretário estadual de Turismo do Rio e presidente do Conselho Estadual de Turismo, Sérgio Ricardo, manifesto contra a instalação do hub em São Paulo. No documento, o secretário diz que um centro de operações em São Paulo pode prejudicar o crescimento do turismo do Rio.

- Não há plano de redução de vôos para o Rio, transferência da sede ou de outras unidades para São Paulo. O objetivo é tornar mais eficiente a operação em Guarulhos. O que será feito em São Paulo não muda em nada as operações do Rio - garantiu Zylbersztajn.

A transferência da Varig Engenharia e Manutenção (VEM) para São Paulo também foi descartada por Zylbersztajn. Segundo ele, há um pleito junto ao BNDES para a construção de mais dois hangares na sede da VEM, na Ilha do Governador, com recursos de R$10 milhões. A Varig ainda não obteve resposta do banco.

Zylbersztajn: recurso da Fazenda prejudica Varig

O secretário municipal de Turismo do Rio, Ruben Medina, pretende conversar com a direção da Varig para reverter a decisão a favor da cidade.

- O Rio tem 39% do tráfego de turistas estrangeiros. Estamos investindo no aumento de frequências de todas as companhias aéreas. O aeroporto do Galeão registrou crescimento de 31% no movimento de passageiros em agosto deste ano, na comparação com 2004. Sabemos que a decisão é empresarial, mas esperamos que seja reconsiderada. Por que não o hub no Rio? - questionou.

O pedido de recurso da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no Rio Grande do Sul, para cassar a Certidão Positiva de Débito da Varig, deixou Zylbersztajn surpreso e contrariado. A Varig está protegida por uma liminar que permite o uso de créditos retidos na Receita, relativos a Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro, para pagamento de R$9 milhões mensais referentes ao Paes (parcelamento especial de débitos). A empresa deve R$4,3 bilhões à Receita e ao INSS.

- Não cabe a um procurador fazer análise do plano. Na Fazenda, o diálogo é sempre aberto e ainda não foi concluído por pontos de vista não definidos. O que não cabe é opinião fora do contexto. Isso é prejudicial à Varig e não sinaliza bem junto aos credores - comentou Zylbersztajn.

O advogado João Luiz Nóbrega, da Nóbrega Direito Empresarial, que representa a Varig, diz que o pagamento de R$9 milhões mensais equivale a 0,3% dos créditos retidos e que não foram restituídos.

- A liminar sustenta os direitos da Varig. A Receita recusa-se a fazer a compensação e entrou com agravo. Mas acreditamos que não será aceito - disse Nóbrega.