Título: Postos de SP já têm mistura biodiesel
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Globo, 14/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

A cidade de São Paulo ganhou ontem as primeiras bombas de combustível com biodiesel. Quatro postos da empresa mineira ALE, em diferentes locais da capital paulista, começaram a vender diesel de petróleo misturado com 2% de biodiesel (B2), produzido a partir da palma e do girassol. A mistura pode ser encontrada nos postos de Cerqueira César, Brooklin Novo, Vila Sônia e Morumbi. A iniciativa faz parte do programa lançado pelo governo federal em dezembro do ano passado, que prevê a adição do combustível renovável ao fóssil. Por enquanto, a mistura é opcional, mas a partir de 2008 será obrigatória. Em 2013, a lei prevê o aumento da adição do óleo para 5%. Nestes níveis, não há necessidade de adaptação dos motores dos veículos. Pelo contrário. O óleo tem mais poder lubrificante, garantem especialistas.

Segundo o diretor de combustível renovável do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, a iniciativa da ALE será uma vitrine para o setor e despertará o interesse de outras revendedoras. Isso contribuirá para o desenvolvimento do biodiesel de forma mais acelerada, avalia.

Mas, enquanto as outras empresas não decidem, a ALE planeja inserir o combustível limpo em outros 64 postos até o fim do ano, sendo mais 30 em São Paulo, 10 em Goiás, 4 no Distrito Federal, 5 no Rio de Janeiro e mais 15 em Minas Gerais. Com isso, a companhia fechará o ano com 73 estabelecimentos vendendo biodiesel no País. Além da capital paulista, a ALE já vende a mistura em cinco postos em Minas Gerais.

O biodiesel para abastecer a rede será comprado de duas usinas: Agropalma, que produz óleo de palma em Belém (PA), e Soyminas, que extrai o biodiesel de girassol e nabo forrageiro, em Cássia (MG), afirma o diretor-superintendente da companhia, Cláudio Zattar. Mas a empresa negocia a compra de biodiesel com outras usinas no interior de São Paulo.

Segundo o diretor do ministério, as duas unidades hoje em operação (Agropalma e Soyminas) têm capacidade para produzir 28 milhões de litros do combustível por ano. Isso seria suficiente para garantir o abastecimento de cerca de cem postos da ALE, diz ele. Dornelles afirmou ainda que, além das duas usinas em funcionamento, outras cinco unidades foram autorizadas a iniciar operação pelo ministério e dez aguardam avaliação.

Por enquanto, a mistura de diesel com biodiesel nos postos da ALE será vendida pelo mesmo preço do combustível tradicional, garantiu Zattar. Mas ele ressaltou que o custo do óleo puro é maior por causa da logística. De Belém, no Pará, o produto fica cinco dias nas estradas até chegar em São Paulo. "O frete representa um terço do preço do biodiesel", acrescenta o diretor da ALE.

BENEFÍCIOS

Além dos benefícios ambientais, já que é menos poluente, o uso do biodiesel representará bons ganhos para a economia nacional. Isso porque reduzirá as importações brasileiras de diesel de petróleo, que hoje representam 6% do consumo total de 40 bilhões de litros por ano. Além disso, o programa de biodiesel foi criado pelo governo como um instrumento de inclusão social, que permitirá um significativo aumento do número de empregos e renda para a população que vive no campo.

Apesar das poucas usinas em funcionamento, há inúmeros projetos de testes de biodiesel no País com vários tipos de matéria-prima, como mamona, soja e dendê, entre outras.