Título: DELEGADO PEDIRÁ QUEBRA DE SIGILO
Autor: Jorge Bastos Moreno
Fonte: O Globo, 16/09/2005, O País, p. 3

Menezes quer acesso a informações bancárias e telefônicas de Severino

BRASÍLIA. O delegado federal Sérgio Menezes, encarregado do inquérito do mensalinho, vai sugerir hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário e telefônico do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), acusado de receber propina do empresário Sebastião Buani para prorrogar a concessão dos restaurantes Fiorella. No inquérito que encaminhará ao STF hoje, o delegado pedirá também acesso aos dados bancários e telefônicos de Buani. A PF entende que estas informações são importantes para confirmar a veracidade das acusações do empresário.

A PF deve enviar ao STF ainda hoje o laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC) sobre a suposta assinatura de Severino num documento que, segundo Buani, era a garantia da renovação de um dos contratos do Fiorella. Buani sustenta que pagou R$40 mil pelo documento. No início do escândalo, o presidente da Câmara admitiu que poderia ter assinado, mas depois disse que o papel era falso. Buani sustenta que Severino assinou o papel na sua presença, em abril de 2002.

PF pede perícia sobre cheque de R$7,5 mil

A PF também pediu ao INC uma perícia sobre o cheque de R$7,5 mil emitido por Buani no dia 30 de julho de 2002 e descontado por Gabriela Kênia Martins, uma das secretárias de Severino. O cheque é considerado o indício mais forte de que Buani teria pago mesada de R$10 mil a Severino entre 2002 e 2003, período em que Severino era o primeiro-secretário da Câmara. Gabriela confirmou que o recebimento do cheque, mas alegou que o dinheiro foi uma doação de Buani a campanha de deputado estadual de Severino Filho, filho do presidente da Câmara, morto em agosto de 2002.

¿ Agora quem tem que se explicar no Congresso, no Ministério Público, na polícia e para a opinião pública é o Severino ¿ afirmou.

Ontem, a diretoria-geral da Casa fechou o Fiorella do décimo andar do anexo IV da Câmara. O contrato, que era de um ano, terminou ontem.