Título: DE VOLTA, LULA RETOMA DISCUSSÃO DA CRISE
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Fonte: O Globo, 16/09/2005, O País, p. 4

Em Maceió, conversa com PMDB. Em Brasília, reunião com coordenação política

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava fora do Brasil desde segunda-feira, retoma hoje os contatos políticos sobre a crise que atinge governo e Congresso. Vai aproveitar passagem por Maceió hoje, onde inaugura um aeroporto, para discutir com a cúpula do PMDB dois assuntos que estão tirando seu sono: a sucessão na Câmara dos Deputados e a eleição de 2006. De volta a Brasília, à tarde, fará reunião da coordenação política. Pode ainda receber o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti.

A amigos e aliados com quem esteve ontem, Severino disse que pretendia estar hoje com Lula, mas não formalizou um pedido de audiência nem falou ontem com o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, com quem conversara nos dias anteriores. O ministro disse desconhecer a intenção de Severino de conversar com Lula.

¿ A decisão do que fazer agora é do presidente Severino ¿ limitou-se a dizer Wagner sobre o boato de que Severino queria consultar o presidente Lula.

O ministro admitiu que nos últimos dias ouviu queixas e elogios à posição do governo no episódio Severino.

¿ Recebi elogios e reclamações. Política não se faz num dia só. Nossa posição foi a de não fazer prejulgamento. A posição do governo é não ser advogado de defesa e nem promotor.

Com o PMDB, o presidente Lula quer tratar da sucessão na Câmara, mas também mostrar seu desagrado com as pretensões do vice-presidente José Alencar em concorrer à sua sucessão pelo partido. Lula não esconde de ninguém que está chateado com Alencar e já confessou arrependimento em tê-lo nomeado ministro da Defesa, até porque não resolveu os problemas do setor. Para tentar acertar os ponteiros, Lula e Alencar se encontram hoje em Brasília.

Sobre a situação na Câmara, preocupa o PT e o presidente Lula o avanço do PMDB, que trabalha para fazer a maior bancada de deputados e ter o direito de pleitear o comando da casa, com a saída de Severino.

O PMDB espera a adesão de 19 parlamentares na próxima semana, parte vinda do PT. Tudo vai depender do resultado da eleição para a nova direção do partido, domingo. Se a tendência Campo Majoritário, que hoje comanda a sigla, vencer, os peemedebistas esperam a filiação de alguns descontentes. Dentro do Planalto, acredita-se que é possível um nome de consenso entre oposição e governo.