Título: `FAZER SUCESSO NO EXTERIOR INCOMODA¿, DIZ AMORIM SOBRE VIAGEM DE LULA
Autor: Helena Celestino e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 16/09/2005, O País, p. 8

Chanceler diz que Brasil nunca teve um líder mundial como o presidente

NOVA YORK. Ao fazer um balanço dos dois dias de viagem do presidente Lula a Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recorreu ontem a uma frase de efeito:

¿ Como dizia Tom Jobim, fazer sucesso no exterior incomoda. Quando é um torneiro mecânico, com um dedo cortado, incomoda mais ainda ¿ disse.

Amorim afirmou que o Brasil nunca teve um líder político com dimensão mundial antes de Lula e a atuação do presidente na Cúpula da ONU só confirmou sua importância internacional.

¿ O Brasil nunca teve um líder mundial, já teve intelectuais de destaque, mas mundial nunca ¿ disse.

E deu dois exemplos: a reverência dos presidentes a Lula quando o tema era combate à fome e o fato de o ¿New York Times¿ só ter citado o nome de quatro ou cinco participantes da reunião do Conselho de Segurança, entre eles Lula.

Lula volta a cobrar ações contra pobreza

Na quarta-feira, Lula tornou-se o primeiro presidente brasileiro a discursar no Conselho de Segurança. Ele também participou do encontro dos países que formam a Ação Contra a Fome e a Pobreza, que aconteceu paralelamente à Reunião de Alto Nível da Assembléia da ONU.

Ontem, em discurso durante a Cúpula do Milênio 2005, na Assembléia Geral da ONU, Lula cobrou ousadia e lucidez dos países desenvolvidos para o cumprimento das metas de combate à fome e à pobreza. Disse que isso não ocorrerá se persistirem os atuais modelos de financiamento e os limitados fluxos de recursos aos países pobres. Lula disse que é preciso ampliar os recursos disponíveis, oferecendo oportunidades de desenvolvimento aos países pobres:

¿ Temos de agir com maior presteza e ousadia. É preciso ampliar os recursos para combater a pobreza e a fome, oferecendo oportunidades de desenvolvimento aos países pobres. Se os países desenvolvidos tiverem a devida lucidez estratégica, perceberão que a nova atitude, o esforço adicional, mais que justo, é absolutamente necessário.

Disse que a paz e a segurança estão condicionadas a essa nova atitude:

¿ Sem ela, temo que a segurança e a paz mundiais se tornem uma quimera.