Título: O último assalto poucas horas antes da morte
Autor: Aba Claudia, Cristiane de Cássia e Jorge Martins
Fonte: O Globo, 16/09/2005, Rio, p. 13

Pedro Dom fez questão de se exibir para vítima ao comandar invasão a um edifício na Ilha do Governador

O bandido Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, mostrou em seu último assalto que tinha mais vontade de aparecer do que preocupação com sua segurança. Ele mandou que uma de suas vítimas ¿ de uma família moradora de um prédio de classe média alta no Jardim Guanabara, Ilha do Governador ¿ olhasse bem para o seu rosto e visse o quanto ele era mau. Após o assalto, que terminou por volta das 19h30m, Pedro se abrigou no Conjunto Esperança, que fica no Complexo da Maré, de onde saiu para ser morto na Lagoa.

Segundo a polícia, pelo menos cinco homens chegaram à Rua Ney Armando Meziat, no Jardim Guanabara, na tarde de anteontem, num furgão. Eles entraram no prédio 131, que tem quatro apartamentos. Quando um dos moradores do apartamento 201, Paulo Vinicius Ribeiro de Oliveira, entrou no prédio pela garagem, foi rendido.

Armados com pistolas e fuzis, eles entraram no apartamento, onde amarraram Paulo e o trancaram no banheiro. Os bandidos roubaram um computador, jóias e dinheiro. Havia a informação de que o apartamento 101 também teria sido assaltado, mas os donos não registraram o fato na delegacia até o fim da tarde de ontem. A polícia não divulgou os valores roubados.

Moradores gritam pedindo socorro

Após roubar o imóvel, o bando tentou invadir o apartamento vizinho. O dono contou que eles ameaçavam atirar caso ele não abrisse a porta. Mas a família preferiu pedir socorro pela varanda aos vizinhos. O barulho assustou os assaltantes, que fugiram no Audi S-4 placa LCZ-8464, que pertence aos moradores do apartamento assaltado. Segundo o morador, policiais militares do 17 º BPM (Ilha do Governador) chegaram logo após o assalto, mas não conseguiram prender os bandidos:

¿ Gritamos muito até que eles fossem embora. Os vizinhos se trancaram, mas também gritaram. Eles ameaçavam atirar a toda hora.

Dom e seu grupo, segundo os policiais, foram com o carro para o Conjunto Boa Esperança, que fica dentro do Complexo da Maré, atrás de um prédio da Fiocruz. Lá, eles deixaram o carro na garagem de um dos prédios da Rua Germano Firmino dos Santos.

Pela manhã, uma operação conjunta da 37ª DP (Ilha) e do 22º BPM (Maré) recuperou o veículo. Na mesma rua, também foi recuperado um Mitsubishi Eclipse roubado pelo bando. Uma das vítimas foi pela manhã à delegacia para identificar se jóias apreendidas com Pedro Dom após sua morte eram da família.