Título: UMA VIDA ENTRE AS DROGAS E O CRIME
Autor: Aba Claudia, Cristiane de Cássia e Jorge Martins
Fonte: O Globo, 16/09/2005, Rio, p. 13

Rapaz de classe média se envolveu com traficantes aos 11 anos

O assaltante mais procurado do Rio viveu a infância e parte da adolescência em prédios com o mesmo perfil dos que ele passou a invadir, com uma granada na mão, aos 17 anos: luxuosos e em áreas nobres do Rio e de Brasília, onde Pedro Machado Lomba Neto morou dos 6 aos 10 anos. Filho de uma dona de antiquário e de um ex-policial civil, que se separaram quando Pedro tinha 4 anos, Pedro sempre estudou em colégios particulares e, depois que voltou para o Rio, passou a se dividir entre dois endereços: o apartamento de quatro quartos dos avós paternos, um médico e uma dona de casa, na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, e a casa da mãe, em Santa Rosa, Niterói.

A transformação do típico menino de classe média em bandido violento foi gradual, paralela ao seu envolvimento com as drogas. Aos 11 anos, Pedro foi flagrado por uma das irmãs fumando maconha. Como o apartamento da mãe, em Niterói, ficava próximo a uma favela, ele se envolveu com traficantes. Assim que a família descobriu, internou-o numa clínica em Campinas.

Após um ano, o jovem voltou para o Rio, mas não abandonou as drogas. Já viciado em cocaína, largou o colégio. Para forçá-lo a estudar, o pai do adolescente, um ex-policial civil que foi um dos ¿homens de ouro¿ do detetive Mariel Mariscot, acusado de ser comandante do Esquadrão da Morte na década de 70, levava o filho até a porta da escola. Não adiantava. Pedro sempre fugia. Estudou apenas até a 4ªsérie do ensino fundamental.

Aos 15 anos, Pedro começou a vender objetos de valor da família para sustentar o vício. Depois, começou a arrombar carros na Avenida Rui Barbosa e a revender os toca-fitas. O jovem problemático, que chegou a ser internado 15 vezes em clínicas de recuperação de drogados, acabou migrando para uma atividade criminosa mais rentável: os assaltos a residências. Isso aconteceu quando ele conheceu, aos 17 anos, Jacqueline Rodrigues, da quadrilha de Mauricinho Botafogo, rapaz de classe média que assaltava apartamentos.

Pedro teve outro amor bandido após a prisão de Jacqueline, em 2000. Envolveu-se com Bibiana Roma Correia, que se tornara uma espécie de primeira-dama da quadrilha de assaltantes de residência. A vida amorosa do bandido continuou movimentada. Segundo a polícia, ele tinha nos últimos meses seis namoradas, todas garotas de classe média, uma delas universitária. Moradoras da Zona Sul, as jovens serão intimadas a depor a partir da semana que vem. Com uma delas, Pedro tem um filho, de 5 meses.

Apesar de ser considerado pela família um jovem tímido, Pedro, segundo suas vítimas, era extremamente violento. Em Ipanema, chegou a dar uma coronhada numa moradora; no Recreio, ameaçou com uma granada uma criança que chorava.