Título: QUADRILHA COMPROU IMÓVEIS DE LUXO
Autor: Carla Rocha e Célia Costa
Fonte: O Globo, 16/09/2005, Rio, p. 15

PF vai rastrear e confiscar bens adquiridos com dinheiro do tráfico

A quadrilha desarticulada ontem no Rio pela Polícia Federal investiu pesado para limpar o dinheiro sujo com a venda de drogas. Segundo investigações, foram comprados restaurantes, carros e pelo menos dez imóveis de alto padrão na Zona Sul do Rio e na Barra. O trabalho de rastrear, identificar e confiscar os bens da quadrilha começou ontem mesmo com a apreensão de documentos pelos agentes da Polícia Federal de Brasília.

Segundo os policiais informaram, a última aquisição do grupo deveria ser inaugurada nos próximos dias: uma boate na Lagoa Rodrigo de Freitas.

¿ Eles compraram um imóvel na Lagoa e já estavam preparando sua inauguração. Fora isso gastavam muito comprando carros de luxo com o dinheiro das drogas ¿ disse um policial federal.

Para entender como era lucrativa a atividade da quadrilha, um policial fez um cálculo estimado da movimentação financeira do grupo, tomando por base a expectativa de lucro com o envio para a Europa das duas toneladas de cocaína apreendidas ontem. Segundo a PF, as duas toneladas renderiam uma receita bruta de R$175 milhões na Europa. O quilo da cocaína lá fora, em países como Portugal e Espanha, custa cerca de US$35 mil.

Ainda segundo o mesmo policial, descontando todo o investimento com a compra da droga na Colômbia, a logística (matutenção de fazenda em Mato Grosso do Sul, transporte aéreo e terrestre, e ainda a montagem de empresas fantasmas), além de gastos com viagens internacionais, hospedagens, aquisição de carne e custos normais de exportações, o lucro era alto.

¿ Essa turma é suspeita de ter feito outras remessas para o exterior. É um grupo muito grande, mas o lucro era alto. Eles gastavam muito dinheiro também ¿ contou um policial federal de Brasília.

A Polícia Federal informou ainda que uma das marcas da quadrilha de traficantes desarticulada ontem era a qualidade da cocaína exportada. Nos rótulos da droga aprendida ontem, havia uma inscrição com a ¿grife¿ do grupo: ¿Toto 100% pureza¿. E um dos responsáveis pelo ¿controle de qualidade¿ era Luiz da Rocha, o Cabeça Branca, um dos maiores traficantes brasileiros que está vivendo no Suriname.