Título: CÂMBIO REDUZ PREÇO DE COMPUTADOR EM R$600
Autor: Fabiana Parajara
Fonte: O Globo, 16/09/2005, Economia, p. 28

Barateamento do produto e grande oferta de crédito fizeram vendas registrarem alta recorde de 44% este ano

SÃO PAULO. A desvalorização do dólar frente ao real desagrada aos exportadores, mas é comemorada pelos fabricantes de computadores. É que o gasto com os componentes, quase todos importados, representa 59% do custo da máquina, segundo pesquisa da empresa de consultoria IDC. No caso, da Positivo, líder em vendas de computadores no Brasil, a variação cambial provocou uma queda de R$600 no preço do modelo mais barato produzido pela empresa: de R$1,9 mil para R$1,3 mil, em nove meses.

Essa redução, aliada à maior oferta de crédito, fez as vendas de computadores registrarem aumento recorde de 44% no primeiro semestre do ano, chegando a 2,5 milhões de unidades. Parte deste total foi comprada por empresas, para atualização do parque tecnológico.

Segundo Helio Rotenberg, diretor da Positivo, os preços podem ser mantidos com o dólar em até R$2,40. Acima disso, haverá repasse para os consumidores. Em geral, os impostos representam 32% do preço final. Computadores que custam menos de R$2,5 mil se beneficiam de incentivos fiscais e têm desconto médio de 9%.

Até o fim do ano, a IDC estima que as vendas no Brasil devem chegar a 5,2 milhões de computadores, 28,1% a mais que em 2004. Segundo o IDC, entre 2000 e 2003, as compras no país somaram em média 3 milhões por ano. Desde o segundo semestre de 2004, elas voltaram a subir. No mundo, serão vendidos este ano 200 milhões de PCs, prevê a consultoria.

Participação de produtos ilegais tem queda

Outra boa notícia para os fabricantes de computadores foi a redução da participação do mercado ilegal. Pela primeira vez em dez anos, a pesquisa de mercado da IDC mostra que a participação dos computadores clonados, como são conhecidos aqueles que têm componentes contrabandeados ou vendidos sem nota fiscal, caiu de 74% no fim de 2004 para 65% em agosto deste ano. Isso representa um crescimento de 35% das vendas de computadores legais.

Segundo a IDC, a queda ocorreu por causa da atuação da Receita Federal, que intensificou a fiscalização do contrabando; da Medida Provisória do Bem, que isentou fabricantes do pagamento de dois impostos, o PIS e Cofins; e da queda no preço dos computadores, ocorrida por causa do câmbio e do uso de novos sistemas operacionais. Tudo isso aumenta a competitividade dos produtos legais.