Título: G-4 REAPRESENTARÁ PROPOSTA DE REFORMA DA ONU
Autor: Helena Celestino e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 16/09/2005, O Mundo/Ciencia e vida, p. 32

Chanceleres de Brasil, Índia, Japão e Alemanha se reúnem e decidem modificar texto para conseguir votos necessários

NOVA YORK. Brasil, Índia, Japão e Alemanha (o G-4) anunciaram ontem que vão reapresentar a proposta do grupo para a reforma do Conselho de Segurança da ONU, o mais importante fórum da organização internacional. A decisão foi tomada ontem numa reunião entre os ministros de Relações Exteriores na sede da missão da Índia, dois dias depois de o documento-base para mudar a ONU não ter incorporado a reforma do Conselho.

¿ O G-4 existe e vai continuar negociando a reforma da ONU, especialmente a do Conselho de Segurança. Estamos confiantes ¿ disse o chanceler da Índia, Natwar Singh.

São razões técnicas que obrigam o G-4 a refazer o projeto de resolução propondo a criação de seis novas vagas permanentes e cinco não permanentes no Conselho de Segurança. Apresentado em maio, o projeto de resolução ainda não foi votado e, portanto, deixa de existir com o encerramento hoje da 59ª Assembléia-Geral (a 60ª começou na terça-feira). Antes de voltar a protocolar a resolução, o G-4 terá rodadas de reuniões com os 32 países que assinam o projeto e com os 53 membros da União Africana, cujo apoio é decisivo para conseguir os votos necessários para ser aprovado na Assembléia-Geral

¿ Poderemos incorporar novos elementos ao projeto ¿ disse o ministro da Índia.

Para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a nova proposta não poderá ter grandes mudanças porque foi com base nela que o grupo conseguiu o apoio de 90 a 100 países. Para ele, é impossível agregar ao texto o direito de veto, como defende a União Africana, pois isso tornaria ainda mais difícil a aceitação da reforma pelas grandes potências ¿ atualmente o direito de veto só é garantido a Estados Unidos, China, França, Rússia e Reino Unido.

¿ Nenhuma reforma será completa sem a reforma do Conselho de Segurança ¿ afirmou Amorim, dizendo ser possível aprovar a ampliação do conselho mesmo com a oposição de Estados Unidos e China.

Chávez diz que documento da reunião é ilegal

Enquanto as discussões nos bastidores ferviam, o discurso mais quente do dia no plenário da Assembléia-Geral foi feito pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ele afirmou diante das delegações dos 191 países-membros que a ONU ¿não serve para nada¿.

¿ O documento que sairá do encontro é nulo e ilegal ¿ disse Chávez.

Em um discurso de 12 minutos (o tempo permitido era de cinco minutos), Chávez foi interrompido três vezes por aplausos, fato raro nos mais de 20 discursos de ontem.

Duas destas oportunidades foram quando ele afirmou que a cidade americana de Nova York não deveria ser a sede da ONU, e sim uma ¿cidade internacional¿, e quando lembrou das ameaças que sofreu do pastor americano Pat Robertson.

Com agências internacionais