Título: `O PT É DE UMA MOLEZA HORRÍVEL¿
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 18/09/2005, O País, p. 12

Pré-candidato a governador, petista defende punição dos envolvidos na crise

Com o apoio de todas as correntes do PT no Rio, inclusive do Campo Majoritário, Vladimir Palmeira preferiu não participar ativamente do processo eleitoral no estado. Mas comparece aos atos do partido e acha que o caminho para a refundação é o diálogo entre as correntes. Pré-candidato a governador, torce pela derrota da cúpula do Campo Majoritário, defende a punição dos envolvidos na crise e faz críticas a João Paulo Cunha (PT-SP).

Sua pré-candidatura ao governo do Rio e a permanência no PT dependem, de alguma forma, da eleição de hoje?

VLADIMIR:Vou ficar no PT, independentemente do resultado, mas confio que o Campo Majoritário vai sofrer uma derrota e não conseguirá eleger a maioria no diretório. No Rio, a situação é diferente. Aqui, minha posição é de não apoiar ninguém porque todos os candidatos me apóiam. Antes da crise, já estávamos dialogando, inclusive pensando em uma chapa única, até com a do Carlos Santana ou a do Campo Majoritário. Uma parte da minha chapa, que tem o Ewerson Cláudio como candidato, já votava no Alberto Cantalice (do Campo Majoritário). Nacionalmente, voto no Plínio.

Tem gente no PT esperando o resultado da eleição para decidir se fica ou sai.

VLADIMIR: Não é segredo que há sete ou oito federais que estão pensando em sair do partido. Eu não defendo esse caminho. Realmente, o partido anda devagar, a direção não pune e esses parlamentares têm uma base popular que pressiona também. Em alguns casos, a base quer que eles saiam, em outros, que fiquem. Vou ficar no PT. As pessoas estão voltando. Tem muita gente disposta a lutar pelo PT e refundá-lo

No Rio, o senhor tenta aproximar as correntes. Acha que, no plano nacional, pode haver diálogo com o Campo Majoritário?

VLADIMIR: No Rio, a comissão executiva tem defendido por unanimidade as posições da militância. Aqui, apesar da ampla maioria do Campo Majoritário, temos tido uma posição muito boa. No Brasil inteiro, quanto mais você vai para a base, mais o Campo Majoritário se mexe na direção da refundação do partido. Mas isso não se traduz na cúpula, sobretudo no alto da cúpula. Não se justifica a permanência do Dirceu na chapa, do João Paulo Cunha. O Genoino já saiu, agora queremos tirar o peso que o Dirceu tem na direção por um processo democrático. Temos dito que a chapa dele é a que mantém o sistema porque todos estão lá, o João Paulo está lá, o que é um absurdo.

O PT está demorando muito a punir?

VLADIMIR: O PT é de uma moleza horrível. A atitude do diretório nacional de não punir imediatamente o Delúbio é uma vergonha. Defendemos punição imediata de todo mundo que, comprovadamente, teve atividade ilegal. Vai desde o deputado, e nossa proposta aqui no Rio é que o deputado renunciasse ao mandato, sem direito à reeleição, até quem recebeu o dinheiro e nem sabia que era ilegal. Mas as situações são diferentes. O caso do Paulo Rocha (PT-PA), que presta contas, que recebeu dinheiro do partido e gastou na campanha, é uma. Outra é a situação do João Paulo. Ele pegou dinheiro de uma firma para a qual ele arrumou contrato na Câmara. Do ponto de vista moral, a situação do João Paulo é pior, que requer mais investigações.