Título: CPI liga Valério a esquema de lavagem de dinheiro
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 18/09/2005, O País, p. 13

BRASÍLIA.A CPI dos Correios encontrou um elo entre o dinheiro que saiu das contas do empresário Marcos Valério, responsável pelos pagamentos feitos a políticos da base aliada, e um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro no mercado financeiro descoberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Relatórios da CVM recebidos pela CPI dos Correios mostram que a RS Administração e Construção Ltda, controlada por uma companhia do Panamá, e o corretor autônomo Waldir Vicente do Prado estão sendo investigados por terem participado, na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Mercadorias & Futuros, de operações sob suspeita de terem sido usadas para justificar repasses.

Prado e a RS receberam pelo menos R$7,557 milhões de quatro empresas investigadas pela CPI por terem recebido dinheiro de Valério. As operações no mercado foram feitas pelas corretoras Bônus-Banval, Master, e outras duas instituições.

¿ Quebramos o sigilo (bancário) da Bônus-Banval e, se aparecerem essas empresas, será uma nova linha. Havia um contrato de empréstimo entre a Bônus-Banval e a 2S Participações (empresas de Valério). Com o sigilo, poderemos entender melhor a conexão ¿ afirmou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentações financeiras da CPI.

A RS, cujo principal sócio é a Sociedad Imobiliária de Investimento, com sede no paraíso fiscal do Panamá, estava sendo investigada pela CPI sob suspeita de ser ligada aos dirigentes do Banco Rural. Ao pedir que a CVM instaurasse inquérito administrativo sobre o caso, os inspetores narraram irregularidades nas corretoras. Foram encontrados problemas nos cadastros destes dois clientes, operações pagas e recebidas em nome de pessoas diferentes do titular da conta, o que contraria a legislação. As corretoras também fizeram operações incompatíveis com o patrimônio e a capacidade financeira dos dois clientes.