Título: NA SAÚDE, CAPELA TOMBADA PRECISA DE RESTAURAÇÃO
Autor: Laura Antunes
Fonte: O Globo, 18/09/2005, Rio, p. 24

Na Rua da Alfândega, igreja do século XVIII perdeu parte do reboco

Em estilo neogótico inglês, a capela de Nossa Senhora das Graças, na Saúde, construída entre 1890 e 1895, entrou para a lista de bens tombados pelo município, em 1986, o que não garantiu ao imóvel histórico recursos para obras de restauração. Integrada ao complexo arquitetônico do Hospital Nossa Senhora da Saúde, a capela está fechada há três anos, devido ao mau estado de conservação.

Um grupo de médicos do hospital chegou a se cotizar para pintar a fachada, mas o interior da capela apresenta muitos problemas de infiltração, que comprometem o sistema elétrico do imóvel. De acordo com o assessor da diretoria do hospital, Roberto Valladares, a instituição não tem recursos para realizada a obra.

¿ É lastimável que esse patrimônio esteja nessas condições. A capela foi construída junto com o hospital numa época em que o Rio era atingido por epidemias. Os navios atracavam aqui na frente e as pessoas doentes da tripulação vinham para cá. A capela faz parte da história do Rio ¿ diz ele, explicando que o hospital tenta patrocínio para a obra.

Historiador lamenta o abandono do patrimônio

O presidente da Associação de Moradores do bairro, Marcelo de Souza de Pedro, critica a prefeitura:

¿ As obras que estão sendo feitas na Zona Portuária priorizam os jogos do Pan e a Cidade do Samba. Mas a capela, que conta parte da história da cidade, não mereceu atenção. O Rio começou a ser povoado pela Saúde. Por isso, acho que o nosso bairro deveria receber mais atenção da prefeitura.

O historiador Milton Teixeira também lamenta o abandono do patrimônio da cidade:

¿ Os bens culturais são manifestações materiais da identidade de um povo. São inalienáveis e formam, em seu conjunto, a identidade de uma nação. Porém, nos últimos anos, como reflexo da crise econômica, a verba destinada à cultura minguou. Em especialmente nos últimos quatro anos, a coisa piorou e muitos prédios no Centro estão se reduzindo a montes de escombros. Alguns deles com séculos de existência, os quais seriam muito bem preservados se estivessem na Europa.

A pequena igreja de São Elesbão e Santa Ephigênia, construída em 1740, em plena área da Saara, no Centro, passa despercebida por quem anda pela Rua da Alfândega. Ela não é tombada, mas, segundo fiéis, merece atenção das autoridades que cuidam do patrimônio histórico da cidade. O telhado sofreu reparos no ano passado, mas as infiltrações já fizeram desabar, na nave central, parte do reboco de uma das paredes. Outro pedaço ameaça desabar.

¿ O que aconteceu com a Igreja do Carmo pode acontecer aqui ¿ lamente Joana Pereira, que freqüenta a igreja.