Título: UM SELO EM PROL DA IGUALDADE
Autor: Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 18/09/2005, Economia, p. 32

Secretaria de Mulheres premiará empresas que combatam desigualdade de gênero

Sem deixar de denunciar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres decidiu pôr em prática uma atitude positiva. Vai premiar as empresas empenhadas em reduzir o abismo de cargos e salários entre homens e mulheres. Nesta quinta-feira, a ministra Nilcéa Freire, titular da pasta, ligada à Presidência da República, lança o Programa Pró-Eqüidade de Gênero, inspirado em iniciativas do Instituto Nacional da Mulher, do México, e do Ministério da Igualdade, da França.

Num primeiro momento, o programa será voltado às estatais, mas a ministra deseja que a segunda edição já seja franqueada ao setor privado. Em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o governo concederá um selo de reconhecimento às companhias que desenvolverem ações bem-sucedidas de inclusão e igualdade para suas funcionárias.

¿ É um programa de estímulo às empresas. O que nos move é a construção da eqüidade de gênero ¿ disse a ministra, que anteriormente foi reitora da Uerj.

Antes mesmo do lançamento oficial, algumas das mais importantes estatais brasileiras já comunicaram à ministra a decisão de participar do programa. Entre elas, estão Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal; Furnas, Eletronorte e Itaipu; Infraero e Grupo Conceição, da área de hospitais no Rio Grande do Sul. As companhias poderão se inscrever de 22 de setembro a 4 de novembro deste ano no site da secretaria (www.presidencia.gov.br/spmulheres).

Sessenta dias depois da inscrição, terão de apresentar seu plano de ação, assinado por seu dirigente máximo como forma de atestar o compromisso com a iniciativa. A partir daí, será assinado o termo de compromisso com o Comitê Pró-Eqüidade de Gênero. Um ano depois, as empresas que cumprirem o acordo receberão o Selo Pró-Eqüidade de Gênero, que poderá ser usado em documentos, campanhas e peças promocionais internas e externas.

Embora o acesso das mulheres ao emprego estatal seja menos restrito, em razão da admissão por concurso, Nilcéa afirma que há um longo caminho até a igualdade plena com os homens. E lembra, que o BB, por exemplo, em quase dois séculos de existência, só agora tem sua primeira diretora. É Rosa Said, responsável pela área de Gestão de Pessoas.

¿ Há muitas mulheres trabalhando no setor público, mas elas são minoria nos cargos gerenciais. Uma coisa é o acesso, outra, a ascensão ¿ resume.

No setor privado, a condição feminina é tão ou mais perversa. Pesquisa do Instituto Ethos de Responsabilidade Social mostra que apenas 9% das funções executivas são ocupadas por mulheres. Elas são 43% da população economicamente ativa (PEA), mas ganham 30% menos que os homens, mesmo tendo escolaridade média superior a deles: 6,6 contra 6,3 anos de estudo.