Título: `Vamos mudar alguma coisa¿
Autor: Graça Magalhaes - Ruether
Fonte: O Globo, 18/09/2005, O Mundo, p. 38

BERLIM. ¿Se conseguirmos uma vitória, faremos correções na política externa e a primeira será melhorar as relações com os EUA¿, disse ao GLOBO Wolfgang Gerhardt, escolha de Angela Merkel para ministro das Relações Exteriores.

Quais seriam os pontos fortes de sua política externa?

WOLFGANG GERHARDT: Ninguém precisa ter medo de a Alemanha deixar de ter continuidade na sua política externa, mas vamos mudar alguma coisa. Se conseguirmos uma vitória, vamos fazer correções e a primeira será melhorar as relações com os EUA, que sofreram bastante por causa da falta de diplomacia do governo Schroeder. Eu me refiro às criticas feitas ao governo Bush para tirar proveito eleitoral. Mas a reaproximação não significa que vamos aceitar tudo que vem dos EUA. Queremos melhorar o tom, mas devemos mostrar nossa opinião, por exemplo, contra medidas unilaterais, sem aval da ONU.

Haverá alguma mudança em relação à América Latina?

GERHARDT: É importantíssimo que a Alemanha não descuide das suas relações tradicionais, com a América Latina e com o Brasil. O atual governo tem concentrado seus esforços mais na China e na Rússia, que são países importantes. Mas não devemos esquecer a América Latina, com quem a Alemanha tem relações históricas.

O senhor apóia Merkel, que diz ser contra o ingresso da Turquia na União Européia?

GERHARDT: Uma polêmica sobre o ingresso da Turquia no momento é um exagero, pois o ingresso só seria possível, se tudo desse certo, dentro de dez anos. Não podemos garantir o ingresso da Turquia desde já, sem sabermos se dentro de dez anos a UE vai ter condições de receber a Turquia. Isso deve ficar em aberto até haver mais clareza.

Com a rejeição à Constituição européia em vários países, o senhor vê risco para o bloco?

GERHARDT: Não vejo risco, mas é fato que o processo de unidade européia foi interrompido. Precisamos transmitir que a UE é também uma chance de melhorias econômicas.

Um governo liberal-conservador significa um fechamento do país para imigrantes?

GERHARDT: A Alemanha vai continuar sendo um país aberto, mas a imigração deve ser controlada. Queremos pessoas altamente qualificadas, não queremos extremistas islâmicos como imigrantes. (G.M.R.)

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