Título: Campo Majoritário admite oferecer cargos
Autor: Soraya Aggege e Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 20/09/2005, O País, p. 8

Corrente tenta manter hegemonia mas oposição diz que grupo se esfacelou: `Aquele monolito virou pó¿, diz adversário

SÃO PAULO. Confiantes na possibilidade de continuarem a dominar a máquina partidária, dirigentes do Campo Majoritário já admitiam ontem a possibilidade de oferecer cargos para garantir a presidência do PT a Ricardo Berzoini no segundo turno da eleição interna e a hegemonia da corrente no Diretório Nacional.

O Campo Majoritário, que levou o PT à crise atual, avaliava ontem que, apesar de tudo, perdeu pouco espaço no partido em relação à eleição interna de 2001, vencida por José Dirceu.

A chapa do Campo, que hoje tem 52% do diretório, teria obtido entre 47% e 48% dos votos, na avaliação de líderes da corrente (a oposição estima 40%), com Berzoini obtendo 45% ou 46%. Ou seja: com relação à eleição anterior, o Campo estima que só teria perdido quatro pontos percentuais. Já Berzoini teria ficado até dez pontos percentuais atrás de Dirceu, eleito com 55% dos votos em 2001.

¿ A candidatura de Berzoini precisará de mais apoios, mas já ficou claro que teremos base partidária para nos relacionarmos. Nós teremos espaço para entendimentos ¿ disse Paulo Ferreira, coordenador da campanha de Berzoini.

Segundo ele, a moeda principal para conquistar apoios será a constituição de uma agenda comum:

¿ Nós estamos dispostos a acertar cargos, mas isso não é o principal. O fundamental será o acerto da agenda.

O deputado Ivan Valente (PT-SP), da corrente radical Ação Popular Socialista, duvida que o Campo Majoritário vá perder a hegemonia no partido. Segundo ele, deve ficar com 42% dos votos:

¿ Se juntar com o Movimento PT e a turma do Tatto (Jilmar Tatto, ex-secretário na gestão Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo) eles voltarão a ter a maioria absoluta.

Oposição comemora suposto fim do Campo Majoritário

Para Valente, a chapa do Movimento PT deve ficar com 12% e a ¿turma do Tatto¿ (a corrente PT de Luta e de Massa que, em São Paulo, é comandada pelo ex-secretário municipal Jilmar Tatto), com 5%. Assim, o Campo Majoritário ficaria com 59% do Diretório Nacional.

Romênio Pereira, segundo vice-presidente do partido e líder do Movimento PT, descarta no entanto a possibilidade de alinhamento automático:

¿ Não teremos alinhamento automático com nenhum setor. Durante muitos anos o Campo considerou pouco as outras forças. Agora vai ser diferente. Talvez sejamos o fiel da balança.

Enquanto isso, as outras tendências comemoravam o suposto fim do Campo Majoritário.

¿ Agora eles vão ter que mudar de nome ¿ ironizou Valter Pomar, candidato da Articulação de Esquerda.

Joaquim Soriano, secretário de formação política e integrante da Democracia Socialista, concorda:

¿ É o desmoronamento do Campo Majoritário. Aquele monolito virou pó. Mas temos que tomar cuidado porque eles são iguais àquele filme ¿O exterminador do futuro¿. Quando você pensa que morreu a mãozinha aparece outra vez.