Título: FORTALEZAS DE PAPEL
Autor: Célia Costa
Fonte: O Globo, 20/09/2005, Rio, p. 12

Instalações militares, prédios de governo e caixa-forte de banco já foram atacados

Casa de ferreiro, espeto de pau: instalações, órgãos e instituições que aos olhos do cidadão comum parecem fortalezas inexpugnáveis têm se revelado castelos de areia aos olhos dos bandidos. No início do mês passado, ladrões entraram na caixa-forte do Banco Central em Fortaleza e levaram R$164 milhões, no maior assalto do país. Os bandidos chegaram ao banco por um túnel de 80 metros de comprimento. E a polícia não pode dizer nem que eles suaram para entrar na caixa-forte: o túnel tinha luz e ar-condicionado.

Instalações das Forças Armadas também têm sido invadidas por assaltantes. Na madrugada de 3 de maio de 2004, um depósito da Aeronáutica na Avenida Brasil, em Bonsucesso, foi assaltado por bandidos que, depois de renderem cinco soldados, levaram 22 fuzis HK-33, uma pistola e uma Kombi. Na época, a polícia informou que o quartel estava sem luz no momento do assalto, mas os bandidos, bem preparados, usavam lanternas.

Unidade de segurança máxima da FAB, dotada de sistemas de vigilância capazes de detectar o deslocamento de um camundongo, o Parque de Material Bélico da Aeronáutica, na Ilha do Governador, foi invadido em agosto de 2002 por cinco bandidos que roubaram 11 fuzis HK-33 e cinco pistolas.

O Posto de Transmissão da Estação de Rádio da Marinha, na Rodovia Washington Luiz, em Caxias, foi assaltado em agosto de 2002. A quadrilha fugiu levando seis fuzis FAL calibre 7,62; duas pistolas Taurus calibre 9mm; oito capacetes; oito coletes à prova de balas e munição para fuzil e pistola.

No dia 6 de agosto de 2001, ladrões passaram por nada menos que 18 guaritas do Exército para conseguir roubar R$1,6 milhão de sete caixas eletrônicos do Banco do Brasil na Vila Militar, em Deodoro.

A agência do Banco Real no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste (CML), no Centro, foi invadida em 15 de janeiro de 1999 por dois bandidos que roubaram mais de R$28 mil . Em 1998, a segurança do CML já havia sido posta em xeque quando, em 5 de dezembro, um homem roubou sozinho R$10 mil do posto do Bradesco no prédio.

Em abril de 1998, um assaltante solitário, armado com uma pistola, levou menos de dois minutos para roubar cerca de R$60 mil da agência do Banerj localizada dentro do Palácio Guanabara, sede do governo estadual e de uma companhia independente da Polícia Militar.

Quando o polícia prende o criminoso, há o risco de ele sair pela porta da frente. Foi o caso do seqüestrador Cláudio Roberto Pacheco, o Sussuquinha, que na madrugada de 29 maio de 2003, quando pelo menos seis policiais deveriam estar de plantão, serrou as grades de sua cela e saiu sem ser incomodado. A cela onde o bandido estava preso era considerada de segurança máxima, monitorada por câmeras 24 horas por dia. O coronel Jorge Duarte, que comandava o Batalhão de Choque na ocasião, chegou a ser detido diante das acusações de facilitação da fuga do preso.

Nem a antiga sede da Secretaria de Segurança ficou livre do selo de vulnerável. Seis bandidos armados com pistolas invadiram em junho de 2001 um posto do Banerj no térreo do edifício, situado na Avenida Presidente Vargas, no Centro, roubando R$340 mil de depósitos em dinheiro e cheques que estavam em cinco caixas eletrônicos. Para cometer o crime, os ladrões renderam vigilantes e fugiram num carro não identificado, levando ainda dois revólveres calibre 38 dos seguranças e um colete à prova de balas.

COLABOROU Tulio Brandão