Título: SEQÜESTRADOR DIZ QUE SOMBRA ORIENTOU BANDO
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 17/09/2005, O País, p. 13

Bandido preso conta que empresário parou espontaneamente o carro em que estava Daniel

SÃO PAULO. Num interrogatório a que respondeu com o objetivo de conseguir a delação premiada, um dos seqüestradores do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) disse ontem ao juiz de Itapecerica da Serra, Luiz Fernando Migliori Prestes, que o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, parou espontaneamente o carro em que estava com o prefeito antes de ser abordado pela quadrilha. Em janeiro de 2002, o prefeito foi levado enquanto seguia na Pajero do empresário para a sua casa, na região do ABC paulista, e foi assassinado em seguida.

Dias depois de informar aos promotores de Santo André que a morte de Daniel renderia R$1 milhão, o seqüestrador, que está preso e tem a identidade mantida sob sigilo, não só voltou a apontar Sombra como o mandante do crime como o acusou de ter orientado o bando sobre quando e como atuar. Foi a primeira vez que o seqüestrador falou em juízo.

- Ele disse que o Sérgio ligou para o Dionísio enquanto jantava com Celso Daniel num restaurante em São Paulo - disse o promotor Roberto Wider, referindo-se a Dionísio de Aquino Severo, o chefe da quadrilha, que teria sido contratado para participar do seqüestro e que foi morto na cadeia.

A quebra do sigilo telefônico de Sombra, no entanto, não indica essa ligação para Dionísio. Ainda assim, a Promotoria defende que o empresário pode ter usado um outro aparelho. Sérgio e Celso Daniel teriam discutido durante o jantar na noite do crime.

Ao juiz, o seqüestrador ainda contou ontem que os disparos feitos no instante do seqüestro, "todos para o alto", não passaram de simulação.

- Ele disse que sabia que o carro do Sérgio era blindado, mas que tinham que simular o seqüestro - disse Wider.