Título: Bolsa atinge novo patamar histórico com forte participação de estrangeiros
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 17/09/2005, Economia, p. 30

Ibovespa sobe 1,53% e fecha aos 29.815 pontos. Risco-país cai 1,63%

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu ontem um novo patamar histórico. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa, subiu 1,53% e fechou aos 29.815 pontos, acima dos 29.455 de 7 de março, o recorde anterior. O volume financeiro da Bovespa atingiu R$1,89 bilhão. Segundo analistas, os investidores estrangeiros tiveram forte participação na alta.

O otimismo teve origem na captação iniciada pelo Tesouro Nacional, por meio de títulos denominados em reais, no mercado internacional. Analistas estimam que a emissão some o equivalente a US$750 milhões em títulos de dez anos, com taxa de 13,80% ao ano. Se confirmada, a taxa da operação será inferior à calculada anteriormente pelo mercado, em torno de 15,5%, e mostrará que o investidor externo mantém o apetite por títulos brasileiros, deixando, portanto, a crise política para segundo plano.

- A Bovespa está bastante forte porque a conjuntura mundial continua positiva e os dados domésticos, como captações externas, risco-país e juros básicos, são cada vez mais favoráveis, atraindo os investidores estrangeiros- destacou o economista Alexandre Sant'Ana, da Arx Capital.

Emissões no exterior cresceram 113,5% no ano

Também a perspectiva de que a economia americana cresça mais fortemente no primeiro semestre de 2006, devido às obras de reconstrução de Nova Orleans, motivou os investidores a adquirir papéis de siderúrgicas e mineradoras, disseram operadores.

O risco-Brasil, que mede o grau de confiança dos investidores estrangeiros na capacidade de o país honrar suas dívidas, teve mais um dia de queda ontem - fechou em 362 pontos centesimais, o menor nível em oito anos (desde 22 de outubro de 1997), em baixa de 1,63%. Sua queda favorece novas emissões, inclusive de empresas privadas, no exterior, por causa dos custos menores.

Segundo a consultoria GRC Visão, as captações públicas (US$11,3 bilhões) e privadas (US$11,8 bilhões) no exterior, juntas, cresceram 113,5% no acumulado do ano até o dia 16 de setembro, comparado ao mesmo período de 2004. O analista Thiago Davino, da GRC Visão, lembra que o total de US$23,1 bilhões supera com folgas o valor das emissões do ano passado, de US$13,4 bilhões, e, com o risco-país menor, outras empresas podem decidir captar no exterior.

Ontem, o dólar, apesar da alta de 0,13%, para R$2,299, permaneceu abaixo da barreira psicológica de R$2,30. Para operadores, a moeda pode cair mais, devido ao ingresso de divisas com as novas captações. A expectativa ontem era de que o Banco Central faria compras para puxar a cotação, o que não ocorreu. Operadores afirmam que o Banco do Brasil tem comprado diariamente uma média US$50 milhões no mercado.

INCLUI QUADRO: UM ANO DE RECORDES