Título: GREVE DE CORREIOS PREOCUPA FIRMAS
Autor: Érica Ribeiro
Fonte: O Globo, 17/09/2005, Economia, p. 33

Concessionárias estudam plano B contra atraso na entrega de contas

As concessionárias de energia elétrica, telefonia e gás já estão estudando uma alternativa para evitar o atraso no envio das contas deste mês, por causa da greve dos funcionários dos Correios, iniciada na última quarta-feira. A Telemar, que utiliza os Correios para distribuir as faturas a 15,1 milhões de clientes em 16 estados do país, informou que as contas são enviadas com no mínimo cinco dias de antecedência. Até agora, segundo a Telemar, a greve não afetou a distribuição. Por isso, a empresa voltará a analisar a situação na próxima semana para adotar um plano B.

Na Light, menos de 1% dos 3,4 milhões de clientes recebem a conta via Correios - estes se restringem aos que optam por receber a fatura em endereço diferente do residencial. A concessionária informou que não cobrará juros desses clientes se a conta chegar atrasada em razão da paralisação.

Se a greve prosseguir além de segunda-feira, o cliente deverá solicitar o envio por um entregador, desde que o endereço seja na área de concessão (Região Metropolitana do Rio). A conta também pode ser paga no site (www.light.com.br). O restante dos clientes recebe as contas em casa, por funcionários terceirizados.

A CEG, distribuidora de gás canalizado no estado, também contrata duas empresas para entregar as contas aos 670 mil clientes. O mesmo acontece com a Ampla, concessionária de energia que atua no interior do estado e tem 2,1 milhões de clientes. O site de compras Americanas.com informou que mantém contratos com transportadoras em todo o país para a entrega de encomendas.

Prejuízo de R$20 milhões por cada dia de greve

Após quase três horas de reunião com representantes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e do comando nacional de greve da Federação Nacional dos Correios (Fentect), o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Vantuil Abdala, formulou uma proposta alternativa à categoria. Ela prevê pagamento de abono linear de R$800 aos 108 mil funcionários, 8,5% de reajuste salarial a partir de 1º de agosto e outros 3,61% em fevereiro de 2006.

O presidente do TST vai aguardar a resposta até o meio-dia desta segunda-feira. Se não houver acordo, ele decidirá sobre pedido de liminar, e o mérito do dissídio coletivo será julgado na quinta-feira pela Seção de Dissídios Coletivos. Cada dia de greve representa prejuízo de R$20 milhões, de acordo com informações da comissão de negociação da ECT.

O desembargador federal Poul Erik Dyrlund, da 8ª Turma Especializada do TRF-2ª Região, decidiu ontem manter a liminar da Justiça Federal do Rio que proíbe o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Rio (Sintect) de impedir o acesso de funcionários, do público e de veículos às agências dos Correios no estado. A decisão prevê multa diária de R$20 mil se a ordem for descumprida.