Título: DIREITA CONFIA EM VITÓRIA NAS ELEIÇÕES ALEMÃS
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Fonte: O Globo, 17/09/2005, O Mundo, p. 38

Conservadores e liberais têm 49,5% das preferências a dois dias de uma das votações mais acirradas da História alemã

BERLIM. A apenas dois dias das eleições gerais da Alemanha, a aliança entre conservadores e liberais tem uma vantagem de apenas 1,5 ponto percentual sobre a coalizão centro-esquerda/verdes, no que faz prever uma das votações mais apertadas da História do país.

Os principais candidatos, a conservadora Angela Merkel e o chanceler federal Gerhard Schroeder, de centro-esquerda, fizeram ontem seus últimos comícios em Berlim, nos quais trocaram ataques. Ambos afirmaram que a campanha será realizada até o fechamento das urnas, no domingo, quebrando uma tradição alemã de encerrar a luta política na sexta-feira que antecede a votação.

Em seu último discurso em Berlim, Merkel surpreendeu. Considerada uma candidata fria e racional - ou sem carisma, segundo os críticos -, ela se emocionou e alguns partidários juram que chegaram a ver lágrimas em seus olhos.

No comício, Merkel defendeu sua campanha de ataques feitos pelo ministro das Finanças, Hans Eichel, que acusou a candidata de "guardar no armário" planos de austeridade e aumentos de impostos. Ambos fazem parte do programa de governo do Partido Democrata Cristão (CDU), de Merkel, mas jamais foram mencionados pela candidata pela campanha.

- Nós dizemos antes das eleições o que faremos depois delas - disse Merkel, numa crítica ao fato de Schroeder ter prometido diminuir o desemprego nas últimas eleições e ter acontecido o contrário.

Já o chanceler Schroeder, que conseguiu diminuir a diferença entre sua candidatura e a de Merkel em mais de dez pontos percentuais nas duas últimas semanas, utilizou seu último discurso na capital para convencer os eleitores indecisos.

- No domingo estaremos diante de três grandes decisões. A primeira é a renovação interna, para continuarmos competitivos sem destruir a coesão social e os direitos dos trabalhadores. A segunda é saber se estamos em condições de ser economicamente fortes sem perder a sensibilidade ecológica. A terceira é colocar a Alemanha como uma potência que contribua para resolver pacificamente os conflitos do mundo.

Verdes fazem campanha para Schroeder

O ministro das Relações Exteriores e líder do Partido Verde, Joshka Fischer, também fez ontem em Berlim seu comício de encerramento de campanha. Aliado de Schroeder desde sua primeira eleição, em 1998, ele atacou a candidatura da direita.

- A Alemanha fica melhor quando a esquerda governa e a direita está na oposição.

Segundo pesquisa divulgada ontem, a favorita coalizão do conservador CDU com sua legenda irmã da Baviera, o Partido Social-Cristão (CSU), e o liberal Democratas Livres (FDP) tem, nas últimas pesquisas, 49,5% das preferências do eleitorado. Já uma possível coalizão entre o Partido Social Democrata (SPD) e o Partido Verde, ambos de centro-esquerda, com o novo Partido de Esquerda (PE), teria 48% dos votos segundo a sondagem. No entanto, com 8,5%, o PE garante não querer dividir o governo com o SPD.

Legenda da foto: ANGELA MERKEL olha para o público ao fim de um discurso, em Berlim