Título: DÍVIDA PÚBLICA CRESCEU R$110,5 BI ATÉ AGOSTO
Autor: Geralda Doca e Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 20/09/2005, Economia, p. 21

Técnicos do Tesouro esperam alívio no endividamento com redução da Selic

BRASÍLIA. A dívida pública federal em títulos aumentou R$110,530 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, uma alta de 13,64% sobre o mesmo período de 2004, devido, basicamente, ao ciclo de altas da taxa básica de juros (Selic). Somente em agosto, a dívida mobiliária federal cresceu 0,6% e atingiu R$920,79 bilhões, informou ontem o Tesouro Nacional. O crescimento ocorreu mesmo com o resgate líquido (superior ao número de emissões) de R$7,8 bilhões no mês passado.

Para os técnicos do Tesouro e do Banco Central (BC), a redução de 0,25 ponto percentual na Taxa Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária do BC semana passada, deverá trazer um alívio na evolução da dívida pública. Estima-se que a redução de 19,75% para 19,5% ao ano da taxa de juros permita uma economia anual de R$1,29 bilhão aos cofres públicos.

Na composição da dívida mobiliária federal, a parcela prefixada ¿ que não oscila com os humores do mercado e dá mais previsibilidade à administração do débito ¿ cresceu de 22,37% em julho para 23,87% em agosto. A alta foi considerada positiva pelos técnicos, pois o Tesouro quer aumentar a participação desses papéis no estoque da dívida.

A parte corrigida pela Selic caiu de 57,32% para 55,25%, graças ao resgate líquido de R$19,4 bilhões em Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Ficaram estáveis as dívidas atreladas à TR (2,46% do total) e aos índices de preços (13,71%). Já a parcela corrigida pelo dólar recuou de 4,15% para 4,11% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o coordenador da Dívida Nacional do Tesouro, Paulo Valle, isso se deveu à valorização de 1,12% do real frente à moeda americana em agosto. Com relação ao perfil da dívida, ele destacou o aumento do prazo médio das emissões, de 25,1 meses em julho para 27,9 meses em agosto.

Valle ressaltou que a crise política perdeu fôlego nas últimas semanas:

¿ Os leilões das duas últimas semanas foram bem tranqüilos, com demanda alta.

Valle disse que a Fazenda vê com tranqüilidade os vencimentos de Letras do Tesouro Nacional (LTN) em outubro, pois o órgão e o BC já conseguiram tirar do mercado, trocando e recomprando papéis, em torno de R$21 bilhões. Ele enfatizou que o Tesouro tem recursos em caixa ¿ o chamado colchão de liquidez ¿ para pagamentos da dívida interna, se o mercado rejeitar as ofertas. (Eliane Oliveira)