Título: IPEA PREVÊ DESEMPREGO PERTO DE 8%
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 20/09/2005, Economia, p. 22

Mas economistas não acreditam em recuperação da renda ainda este ano

A taxa de desemprego deve continuar caindo este ano até ficar um pouco acima de 8% em dezembro, de acordo com as previsões do Boletim de Mercado de Trabalho, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A taxa é bem inferior à registrada em dezembro de 2004, quando chegou a 9,6%. Mas não será em 2005 que o rendimento médio do trabalhador deve voltar a crescer, depois de sete anos de quedas seguidas:

¿ No primeiro semestre, que ainda carregaria o crescimento econômico de 2004, não houve a esperada recuperação de renda. Com um em cada seis trabalhadores ocupados (16% da mão-de-obra empregada) está ganhando menos de um salário-mínimo por hora, será difícil vermos uma reação no salário em 2005. Deve ficar no zero a zero ¿ disse o economista do Ipea Lauro Ramos.

Outra preocupação do analista está na estagnação do mercado de trabalho nos últimos dois meses. Em junho e julho não houve abertura de vagas. A taxa de desemprego caiu de 10,2% em maio para 9,4% em junho, mesmo índice de julho, pela queda na procura por emprego nesses meses. Como a taxa de desocupação reflete o número de trabalhadores que estão procurando uma vaga, o desemprego caiu.

¿ Acendeu o sinal amarelo. Se essa tendência se mantiver em agosto, é motivo de preocupação, principalmente numa época do ano em que as empresas contratam mais para fazer frente ao consumo do fim do ano ¿ disse Ramos.

Marcelo de Ávila, também economista do Ipea, diz que, mesmo que a ocupação não tenha o mesmo desempenho de 2004, a taxa vai cair. A desocupação em julho (9,4%) já estava menor que a de dezembro de 2004:

¿ Já estamos próximos de 8%. E temos condições até de ter um desemprego médio no ano de um dígito (em 2004 foi de 11,5%).

Com o aumento esperado da ocupação, os economistas acreditam em melhoria da massa salarial (soma de todos os salários) nos próximos meses de 4,3%. Entre os setores que contrataram mais do que demitiram apareceram apenas os serviços domésticos e a administração pública.