Título: ÁLCOOL COMBUSTÍVEL JÁ ESTÁ 5,5% MAIS CARO
Autor: Ronaldo D'Ercole e Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 20/09/2005, Economia, p. 23

Usineiros elevaram preço do produto em 15% desde o início do mês e postos de combustível vão repassar reajuste

SÃO PAULO e RIO. Os consumidores devem preparar o bolso para o aumento no preço do álcool combustível. A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustível) informou ontem que as distribuidoras já começaram a acrescentar R$0,06, em média, por litro de álcool, o que significará alta de 5,5% nos postos.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) informa que o reajuste do álcool hidratado no atacado vai representar um aumento médio nos preços finais do produto entre R$0,05 a R$0,07 por litro. O álcool anidro, misturado à gasolina, também teve um aumento de 8%, passando a custar R$0,83 por litro. Com isso, no Rio de Janeiro, o preço médio do álcool deverá ficar em torno de R$1,483, contra R$1,413. Já a gasolina passará de R$2,238 o litro, valor médio registrado pela pesquisa semanal da ANP, para R$2,253, em média.

O motivo do reajuste no varejo é o repasse dos aumentos no atacado. Ontem, o preço do álcool anidro nas usinas paulistas, que respondem por 70% da produção nacional, chegou a R$0,89 por litro, 15% a mais que no início do mês.

A elevação acontece duas semanas depois de autorizado o aumento de 10% na gasolina e em plena safra da cana no Centro-Sul. Segundo técnicos do Sindicom, o aumento foi alto demais para deixar de ser repassado. Diante dos reajustes, as distribuidoras pararam de comprar álcool. Só as que não tinham estoques estavam comprando, e em volumes pequenos, para fugir da alta.

¿ Há uma queda-de-braço entre distribuidoras e usinas neste momento ¿ confirmou um executivo do setor. ¿ A tendência é de alta, mas qual é o novo patamar para os preços do álcool, ainda não se sabe.

Necessidade de caixa dos usineiros determina o preço

O diretor do Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis de São Paulo (Sincopetro), Hélio Fiorin, que é revendedor Petrobras, contou que, semana passada, a BR Distribuidora já havia reajustado em 10% os preços do álcool e ainda repassou aumento de R$0,01 para a gasolina. Aparentemente não haveria razão para o reajuste ¿ a não ser a utilização da paridade prevista na lei, de até 75% do preço da gasolina, para aumentar margens das usinas.

De acordo com a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única), apesar da explosão de vendas dos carros bicombustível, a demanda por álcool de maio a agosto cresceu apenas 5% sobre o mesmo período de 2004.

¿ Mas pode-se esperar de tudo, porque o que forma o preço é a necessidade de caixa das usinas ¿ disse o diretor técnico da Única (associação das usinas de álcool e açúcar), Antonio de Pádua Rodrigues.