Título: CÂMARA VAI TER NOVA BATALHA
Autor: Jaílton de Carvalho/Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 21/09/2005, O País, p. 3

Apoio de Garotinho atrapalha a candidatura de Michel Temer

BRASÍLIA. As eleições para a presidência da Câmara, que serão confirmadas para a próxima semana com a renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE) prevista para hoje à tarde, estão se encaminhando para um novo confronto entre governo e oposição. Desta vez, o candidato da oposição será o primeiro vice-presidente da Casa, Thomaz Nonô (PFL-AL), e o candidato da base aliada será provavelmente o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A candidatura do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), está perdendo terreno por causa do apoio do ex-governador do Rio Anthony Garotinho ao seu nome. Mas Temer ainda poderá entrar na disputa.

Hoje, líderes da base vão se reunir com os líderes do PT, que apresentarão os nomes de Sigmaringa Seixas (DF), José Eduardo Cardozo (SP), Arlindo Chinaglia (SP) e Paulo Delgado (MG). Chinaglia que já tem o apoio dos líderes do PP e do PL.

Estão surgindo candidaturas como as dos deputados Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) e Beto Albuquerque (PSB-RS). Reunidos na Granja do Torto ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, os líderes do PT, Henrique Fontana (RS), e do governo, Arlindo Chinaglia (SP), decidiram que o PT terá só um candidato.

- O PFL e o PSDB vão juntos com o mesmo candidato para a disputa da presidência - disse o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ).

- O PSDB está junto com o PFL. O nosso candidato terá condições de se despir do figurino de oposição e ser o presidente da Casa - afirmou o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP).

PT tem de escolher entre quatro cotados ao cargo

PFL e PSDB, que juntos somam 108 votos, querem oferecer a primeira-vice-presidência, que ficará vaga caso Nonô seja eleito, para obter o apoio de um terceiro partido. A oposição avalia que poderá atrair para a candidatura de Nonô o PMDB, que tem 86 deputados, ou o PTB, com 45 deputados. Nesse caso, Nonô entraria na disputa com uma base de 153 a 194 votos.

Enquanto a oposição já se declara unida, o PT tem que escolher um dos seus quatro cotados e ainda chegar a um acordo com os partidos aliados.

- O nosso candidato será escolhido pela bancada do PT e da base aliada. A bancada do PT apóia qualquer nome, por isso a base poderá se constituir num fator de desempate - disse o líder do PT, Henrique Fontana (RS).

Os petistas, com 89 deputados, acreditam que com o apoio do PP, com 53 deputados, e do PL, com 49 deputados, o candidato governista terá um patamar de 191 votos. E será possível ampliar os apoios, que poderão vir de PCdoB (10 deputados), PSB (20 deputados), PTB e PMDB.

- Temos candidato e não é para barganhar, mas não vamos ser impedimento ao entendimento - afirmou o líder do PTB, José Múcio (PE).