Título: Lula entra em campo para tentar evitar derrota do PT
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 21/09/2005, O País, p. 5
BRASÍLIA. Depois de se encontrar com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo para orientar o PT sobre a sucessão na Casa. Ele reuniu-se ontem de manhã na Granja do Torto com os líderes Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Henrique Fontana (PT-RS) e o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner. Lula, preocupado com a possibilidade de a Câmara ir para as mãos da oposição, disse que a base precisa ficar unida, o que não aconteceu na eleição de fevereiro.
- O presidente da Câmara não deve ser nem uma extensão do Palácio do Planalto e nem o centro de articulação das oposições. Senão, não cumpre o papel de ser o presidente da Casa - disse Jaques Wagner.
Lula analisou a possibilidade de ter um opositor do governo no lugar de Severino. Disse que não quer um braço do Planalto, mas também não quer que a presidência da Câmara seja bunker da oposição.
O ministro disse que o Planalto não vai impor ou vetar candidatos e que não há nome do governo no bolso do colete:
- Mas é óbvio que ele (Lula) deseja que a base se mantenha unida e aproveite a oportunidade para ter uma operação conjunta. Não cabe ao presidente Lula ir a campo para escolher quem é o presidente da Casa. O presidente vai continuar tentando ter uma relação respeitosa com a Câmara. Ele não vê necessidade de impor um nome.
Apesar de o discurso oficial ser de que o Planalto não vai interferir no processo, Lula recomendou ao PT a busca da unidade. Perguntado se o candidato da base deveria ser do PT, Jaques Wagner disse que nenhum partido deve fincar o pé para indicar o nome.
Dentro do Planalto há quem defenda que o nome não seja do PT. Voltaram a ser citados os nomes dos ex-ministros Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE). Petistas e auxiliares de Lula dizem que Aldo está descartado por ser um nome do Planalto. Perguntado sobre Aldo e Eduardo Campos, Wagner disse que não pode haver vetos pelo fato de serem ligados ao governo:
- Se for isso, aí não vai ter candidato, porque também os outros que forem emblemáticos na oposição serão carimbados como oposição. Não aceitamos veto e não impomos veto.